Nada como terminar de ler um livro e ter aquele sentimento de satisfação ou empolgação. Ao terminar uma leitura, o leitor precisa ter a sensação de leitura completa e de uma conclusão; seja para fechar a trajetória da história ou para incentivar o leitor a querer continuar lendo a história no próximo livro, se for uma saga! Os finais não necessariamente precisam ser felizes. Podem ser dramáticos, trágicos ou tristes, mas precisam concluir os arcos da história, além de responder a todas as questões levantadas durante a trama e assim dar ao leitor uma leitura completa e, portanto, satisfatória. Mesmo que o autor não feche todos os arcos – afinal, muitas histórias têm continuações e precisam de tramas a explorar em próximos livros – o arco principal precisa e deve ser concluído.
No caso dos livros solos, em que só há um livro para concluir a história, é imprescindível que todos os arcos da trama sejam respondidos. O livro não deve terminar sem resolver todas as questões levantadas durante a história e não pode deixar “pontas soltas” no enredo. A trama precisa ter início, meio e fim, fechados num ciclo perfeito. “A Batalha do Apocalipse”, do autor brasileiro Eduardo Spohr é um exemplo de uma trama bem desenvolvida e com um final satisfatório em seu livro solo. Apesar de ter dado continuidade à narrativa, mas em uma nova trilogia, nesse volume único, Spohr cria uma teia de acontecimentos que desencadeia em uma única resolução de conflitos. Na trama, o leitor se depara com uma batalha épica entre o bem e o mal que envolve criaturas angélicas e ameaças de fim do mundo. É perceptível que o autor se aprofundou bastante em pesquisa e mitologia cristã para compor uma obra bastante densa e envolvente, mas focada no desenvolvimento do protagonista Ablon em deter Miguel de trazer o fim do mundo e se tornar um deus.
Apesar de atualmente contar com um segundo volume, a proposta inicial de “O Jogador Número 1”, do autor Ernest Cline, foi apresentar ao leitor uma história centrada e fechada. Porém, devido ao sucesso da história, Cline decidiu continuar a narrativa mesmo após ter concluído o arco principal. Na trama, o leitor acompanha a história do jovem Wade em um mundo futurista tomado pela tecnologia onde a maior parte da população vive refém de um mundo virtual altamente realista. Por algum tempo, o livro único começou a fazer sucesso com uma narrativa focada na trajetória de Wade de derrubar o sistema, além de fazer uma crítica nas entrelinhas ao modo de vida moderno, o qual pode futuramente se converter em algo parecido com o que é descrito no livro. A fama da história de Cline foi tamanha, que o livro ganhou uma adaptação cinematográfica em 2018, dirigido por Steven Spielberg.
Agora, quando a história é desenvolvida em uma série de livros, é preciso ter em mente que temos dois tipos de finais: os finais de cada livro, em que é necessário deixar um gancho para o próximo livro da série; e o “gran finale”, em que temos a resolução de toda a saga no último livro. Esse é o tipo mais comum de obras literárias que vemos por aí e muito disso começou em parte devido ao sucesso de grandes sagas literárias, que passaram a enxergar no público-alvo, principalmente jovens, uma maneira de manter o interesse nesse tipo de história. Com isso, seguiram-se inúmeras outras tramas que basicamente seguiam a mesma premissa.
Existiram grandes sagas literárias famosas até os dias de hoje, como por exemplo, “Harry Potter” e a saga “Crepúsculo” que foram precursoras desse tipo de narrativa, principalmente por manter o público interessado em saber como a história iria terminar. “Crepúsculo”, por exemplo, construiu o arco de vingança da vampira Victoria no primeiro livro que só foi ser concluído no terceiro, sendo o quarto e último livro apenas uma espécie de “epílogo grande” que encerrou a participação dos Volturi.
A série de cinco livros da saga “Lux”, da autora Jennifer L. Armentrout, conta a história da adolescente Katy que se envolve com Daemon, um alienígena vindo de um planeta destruído após uma guerra. A trama consegue evoluir ao longo dos livros, principalmente por causa da forma como a autora finaliza cada um deles, conseguindo desta forma, fazer com que o segundo seja melhor que o primeiro e por aí vai. Sempre terminando ou com uma revelação, um diálogo interessante ou colocando os personagens em uma determinada situação, Jennifer conseguiu criar uma narrativa empolgante por si só a partir de cada livro.
Conhecida como “A Saga do Tigre”, da autora Colleen Houck, os quatro livros misturam muita mitologia indiana com uma pitada de fantasia. Somos apresentados à protagonista Kelsey, que descobre que o tigre do circo ao qual trabalhava se tratava de um príncipe amaldiçoado e precisa partir em uma grande jornada para ajudá-lo a acabar com a maldição. E toda a trama realmente consegue imergir o leitor na mitologia, além de prendê-lo ao fim de cada livro com uma revelação inesperada
Ainda há casos em que os finais de grandes sagas terminam os eventos da trama central, mas abrem portas para uma nova franquia se iniciar. Autores famosos que se utilizam desse artifício estão Rick Riordan e Cassandra Clare que tendem a encerrar suas sagas com algum cliffhanger para continuar a aventura em uma nova saga de livros. O livro “O Último Olimpiano” de Rick Riordan, por exemplo, encerra a trama de Percy Jackson como o herói da Grande Profecia, mas termina a história com a predição de uma nova profecia que vai guiar Percy e Annabeth em uma nova missão ao lado de outros cinco jovens heróis nos eventos narrados na saga “Os heróis do Olimpo”.
Para finalizar os exemplos de finais de livros, temos um bastante comum: o epílogo! Que costuma retratar a trama alguns anos à frente, revelando o futuro de personagens importantes e como a conclusão da trama os afetou. Talvez o epílogo mais memorável para os fãs de literatura fantástica seja o final de “Harry Potter e as Relíquias da Morte” em que revelam o futuro dos personagens principais 19 anos após os eventos da Batalha de Hogwarts e a vitória dos mocinhos contra Voldemort. O epílogo termina com os casais formados ao longo da saga agora casados e levando seus filhos para a Plataforma 9/3/4 para ida à Hogwarts, concluindo a saga com a famosa citação: “A cicatriz não incomodara Harry nos últimos 19 anos. Tudo estava bem”.
Outro epílogo interessante e que explora essa perspectiva após a finalização da história pode ser vista na saga “Sussurro”, de Becca Fitzpatrick. A autora sempre finaliza cada um dos quatro livros com a revelação de quem é na verdade o grande vilão da trama, o que traz muita sensação de suspense para o leitor. Ao fim do quarto e último livro, após a grande batalha final de anjos caídos versus nefilins, temos um epílogo que mostra alguns personagens meses à frente, com a protagonista finalmente tendo seu “final feliz” com seu par romântico, Patch, além de uma revelação para ele que culmina em uma grande felicidade para o futuro do casal.
O final de um livro talvez seja tão importante quanto seu início, uma vez que ele traz um desfecho definitivo para qualquer história, ou nem sempre, se tratando de livros com continuações. Ele precisa trazer ao leitor a sensação de que aquela trama foi encerrada, mesmo que o autor tenha a intenção de futuramente talvez reviver a história, mas com personagens diferentes. Um bom final não necessariamente irá ter uma conclusão agradável ou que até mesmo deixe o leitor feliz, mas precisa ser coerente com a trajetória dos personagens e principalmente do protagonista.
Sobre o final de “Território de Fúria”
Por: Artemisa Lopes
A história de “Território de Fúria” faz parte do tipo comum de obras literárias: é uma narrativa desenvolvida em uma série de livros, sendo cada um deles contendo seu final específico, além da resolução do grande final. A trama basicamente é recheada de plot twists e revelações, em parte por estar incluída nos gêneros de suspense e mistério misturados com fantasia.
A história do primeiro livro gira em torno de um mistério de assassinato que basicamente coloca a protagonista Valerie no meio desse conflito e sendo obrigada a resolver esse problema. Aqui, o final gira em torno de finalmente descobrir quem é o assassino a fim de evitar uma guerra que tomaria proporções mundiais. Mesmo após uma sucessão de acontecimentos, esse final não concluiu todas as problemáticas do enredo, além de deixar um gancho proposital para os eventos dos próximos livros.
A partir do segundo as coisas começam a tomar uma perspectiva mais séria. A protagonista precisa lidar principalmente com rumores de guerra e com a ameaça de uma organização terrorista a partir de tudo que ela descobriu nos eventos e no final do primeiro livro. A maneira como ela lida com essas questões culminam em um final ainda mais chocante do que o primeiro, o que leva aos acontecimentos finais que darão a conclusão definitiva da história.
Os arcos finais deixam ganchos que, além de trabalharem não só os personagens e novos conflitos, também abrem brechas, por exemplo, para os chamados spin offs, com novas histórias, mas com personagens secundários sendo promovidos a protagonistas. Os finais do segundo, abrem brecha para o terceiro, para finalmente serem concluídos no gran finale ao responderem questões que foram abertas anteriormente: Alguém morrerá? Quem vencerá a guerra? Mentalistas e humanos podem mesmo viver em paz? Com quem a protagonista vai ficar? Só lendo para saber!
Quer saber mais sobre “Território de Fúria”? O link da história está logo abaixo:
Sobre o final de “A Piromante de Lumiére”:
Por: Laura Zacca
A trama de “A Piromante de Lumiére” segue a vida da mestiça de fênix e humana, Kimberly Cassidy, enquanto ela precisa se adequar a vida como imortal, ao fato de estar sendo caçada por Legionários por causa de sua situação única como híbrida e a descoberta de que pertence há uma profecia que a indicam como a doppelgänger de uma poderosa guerreira divina.
A história se encerra com a revelação do grande articulador de todos os eventos que cercam a protagonista, o ranzinza Imperador do Submundo: Lorde Hades, e com Kimberly finalmente caindo em suas tramoias e tornando-se uma de suas Agentes do Inferno. O livro termina com um cliffhanger para a próxima aventura de Kim, narrada nos eventos de “Pyles Tou Chrónous”.
Com Kimberly transformada em uma das Agentes do Inferno de Hades, o deus do Submundo envia a jovem mestiça de fênix para outra dimensão em uma missão para impedir que um Mestre do Tempo cause deturpações na Linha Temporal de Nova, planeta a qual Kim é enviada. Uma vez em Nova, Kim se une a Alegre Comitiva do Bardo, um grupo de heróis e vilões liderados por um bardo que os faz prisioneiros na intenção de deter esse grande mal que pode afetar as realidades do Multiverso.
Quer saber mais sobre essas histórias? Os links estão logo abaixo:
Link de “A Piromante de Lumiére”:
Link de “Pyles Tou Chrónous”:
Dicas para fazer finais de livros:
- Tenha uma ideia de final para assim tem um objetivo e não se perder, mas esse final não necessariamente precisa acontecer. Ele pode mudar à medida que o enredo é desenvolvido.
- Se for fazer uma trilogia, por exemplo, pense em como gostaria de finalizar os dois primeiros e principalmente o final do terceiro. O que precisa acontecer para ter esse ou aquele resultado?
- Não é porque é ficção que não precisa fazer sentido! Nem sempre será o final que o autor deseja, mas o que a história precisa.
- Apesar de ser comum, não mate um personagem no final apenas por matar. Essa morte precisa fazer sentido ou ter alguma função relevante. Pense: ela vai servir para quê?
- Se seu objetivo é uma saga de livros, lembre-se de deixar uma abertura para o próximo livro, uma ponta solta a ser resolvida nas próximas tramas.
Quem somos?
Canal Luna Solis: Um canal do Youtube de entretenimento, que fala sobre os mais diversos assuntos da cultura pop, desde livros, séries, filmes, animações e outros.
Redes Sociais do canal:
Instagram: @canallunasolis ; Twitter: @CanalLunaSolis
Redes Sociais – Artemisa Lopes:
Instagram pessoal: @artemisalopes ; Twitter: @artemisalopes_
Instagram literário: @teritoriodefuria ; Twitter: @teritoriadefuria
Redes Sociais – Laura Zacca:
Instagram pessoal: @laura_zacca95 ; Twitter: @laura_zacca
Instagram literário: @apiromante_lumiere ; Twitter: @CassidyIvy