sexta-feira, 22 de março de 2024

Ser cringe é cool

Publicado em 18 de julho de 2021, às 12:28
Imagem: Exame

Você é do tempo do Orkut? Adora Friends? Não vive sem o cafézinho? E usa muitos emojis quando conversa na internet? Sinto lhe dizer, mas você é cringe. E se você não faz ideia do que essa palavra significa, isso o torna ainda mais cringe.

Se a palavra parece ofensiva, é porque ela tem a intenção de ser. Para os jovens, cringe é tudo aquilo que traz vergonha alheia, é ultrapassado, e pertencente a uma geração anterior.

Nessas últimas semanas as redes sociais foram invadidas por uma verdadeira guerra de gerações: os Millennials, nascidos na década de 80 até aproximadamente 1994; e a Gen Z, nascidos de 1995 a 2010. Tudo começou quando os jovens começaram a descrever tudo que acham “cringe” nos adultos: sapatilha, calça skinny, beber cerveja, gostar de café e falar ‘boleto’ estão entre eles, acredite.

É claro que os cringe, digo, millennials, não aceitaram calados e ficaram extremamente ofendidos que os queridinhos de sua infância como Harry Potter e clássicos da Disney hoje sejam considerados bregas por uma geração que ama K-pop e dancinhas do Tik Tok.

Mas eu, como um perfeito exemplo de Millennial (nascida em 1991, que ama Friends e café) posso dizer com orgulho que sou cringe. O que hoje é visto como um mico (como diria na minha época) para mim é memória afetiva. Se amar tudo isso, enquanto tomo meu litrão e pago meu boleto é cringe, pois com certeza ser cringe é muito cool.

Na verdade, toda essa briga de gerações é o que é verdadeiramente cringe. Desde que o mundo é mundo a geração anterior sempre se acha melhor que a atual, e vice-versa. Provavelmente a expressão “mas no meu tempo” foi a primeira inventada pelos humanos (alerta de ironia aqui).

Apesar de me divertir com os memes e brincadeiras que saem dessa disputa sem vencedores, o que vejo é que nós precisamos parar de subestimar ou taxar de ruim qualquer arte ou moda que venha do mundo jovem. Eu sou uma millennial que ama MPB e escutava Rouge, mas que me divirto com músicas da estrela pop Olivia Rodrigo, e até tenho uma ou duas músicas de K-pop na playlist.

Não sou adepta do Tik Tok, mas é notável como a plataforma vem revolucionando o mundo do entretenimento, principalmente da música. Se você acha graça que seus pais não saem do Facebook e não sabem mexer no Instagram, tenho uma notícia: hoje a piada, para os jovens,  é você, que não sabe como funciona o Tik Tok e não conhece BTS.

Para os jovens é ainda mais necessário parar de desvalorizar uma geração que veio antes e que tem muito a ensinar. Mas provavelmente eles só entenderão isso daqui há alguns anos, quando a próxima geração os tiverem chamando de cringe, ou seja lá qual será a nova gíria para vergonha alheia.

3 respostas

  1. Nós conseguimos chegar aqui, trabalhando desde nossa adolescência e estudando muito disputando livros enquanto esses jovens, infelizmente não construiu comportamento leitor nem com o advento do e-book. Lamentável…

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