Anyvlis Alencar – Nutricionista, especialista em nutrição infantil
Considerada um problema de saúde pública, a alergia alimentar está aumentando em todo o mundo. Apesar de poder se manifestar em qualquer época da vida, o quadro geralmente se inicia na infância. Dependendo do alimento e mecanismo envolvidos, a alergia pode se resolver até a adolescência ou persistir por toda a vida.
Por conta da imaturidade imunológica da barreira intestinal, a infância é o período mais susceptível ao desenvolvimento de alergias. Uma reação adversa a um alimento pode abranger ampla cascata de eventos que ocorrem após a ingestão.
A conduta nutricional predominante para prevenir alergia alimentar, em bebês de alto risco com condições genéticas para doenças alérgicas como dermatite atópica, asma ou rinite alérgica, sempre foi retardar a introdução de alimentos potencialmente alergênicos.
Cerca de 90% das alergias alimentares em pediatria são provocadas por apenas oito alergênicos: proteínas do leite de vaca, soja, ovo, peixe, marisco, amendoim, frutos secos e trigo.
Além de retardar a introdução desses alimentos, pode-se incluir, na alimentação, componentes imunomoduladores com efeito protetor contra o desenvolvimento de alergia, tais como ácidos graxos ômega-3, vitamina C, betacaroteno, alfatocoferol, selênio e zinco, capazes de neutralizar o efeito deletério do estresse oxidativo presente na inflamação alérgica e reduzir o dano tecidual.
Onde se encontram esses componentes? Vegetais de folhas verdes, frutas cítricas, cenoura, abóbora, brócolis, espinafre, gema de ovo, etc.
Os sintomas mais comuns da alergia alimentar são:
Espirros
Nariz entupido ou escorrendo
Olhos lacrimejantes
Inchaço
Erupções cutâneas
Dores estomacais
Diarréia
Os principais fatores de risco para alergia alimentar incluem:
Histórico familiar: quando doenças como asma, eczema, urticária e outras alergias são comuns na família, as chances de desenvolver alergias alimentares são maiores.
Asma: geralmente ocorre em conjunto com a alergia alimentar. Nestes casos, os sintomas de ambas as doenças se apresentam mais graves do que o normal.
Histórico de alergia alimentar: na maioria dos casos, muitas crianças deixam de apresentar algumas alergias alimentares quando envelhecem, mas essas alergias podem retornar na fase adulta.
Outras alergias: caso você já possua algum tipo de alergia alimentar, as chances de desenvolver alergia a outros alimentos é maior.
Devo oferecer ao meu filho porções do alimento até o seu organismo se acostumar?
A resposta é Não!
Na alergia, o organismo encara proteínas específicas de um alimento como inimigas e envia células para barrá-las. Nesse mal-entendido, o corpo acaba agredido. A reação pode envolver todos os órgãos! Inchaço nos lábios, coceira, tosse, falta de ar e diarréia estão entre as manifestações que aparecem após a ingestão. Pessoas com maior sensibilidade podem ter reações graves – como choque anafilático – mesmo com quantidades muito pequenas.
Cuidados no Ambiente Escolar
A escola é um ambiente de desenvolvimento de ações de melhoria das condições de saúde e do estado nutricional dos escolares. Dessa forma, é fundamental que tenha ações que abordem o tema de doença celíaca, como a orientação de leitura de rótulos dos alimentos, informações sobre cuidado no preparo de alimentos e manuseio de utensílios. As crianças e adolescentes celíacos da rede pública ou privada de ensino podem e devem participar de todas as atividades escolares. Porém, é responsabilidade da família comunicar à escola (diretores, professores, orientadores e nutricionistas), através de laudo médico, o cuidado no ambiente escolar.
Aula de artes – observe se a massa de modelar, em especial as massinhas caseiras e a tinta para pintura a dedo, utilizadas na escola contém glúten na sua composição.
Aula de culinária – as crianças celíacas não podem participar das aulas com receitas que utilizam trigo, aveia, cevada ou centeio, tais como preparo de biscoitos ou bolos.
Festa na escola – é importante a criança permanecer entre os amigos sem estar faminta. Algumas preparações podem ser adaptadas.
Alimentos que os pais levam na unidade escolar – com autorização previa da nutricionista e direção, ler com atenção os rótulos dos alimentos.