O jornalista, advogado e escritor, Elson Araújo, analisa a conjuntura política e social de Imperatriz, que, neste momento, se movimenta para tentar alcançar os 200 mil eleitores e, assim, conseguir que, a partir das eleições para prefeito deste ano, tenha segundo turno nas eleições majoritárias municipais. Vale a leitura.
Região Tocantina – Como funciona o processo de a cidade passar a ter segundo turno para as eleições de prefeito?
Elson Araújo – A Constituição Federal de 1988 disciplina a eleição em segundo turno para os cargos de Presidente e vice-presidente da República, Governador e vice-governador, prefeito e vice-prefeito. A ressalva é que, no caso de prefeito, a eleição em segundo turno só deve ocorrer naqueles municípios com mais 200 mil eleitores. Há muita confusão ainda porque muita gente confunde eleitores com população. No caso de Imperatriz, de acordo com a Justiça eleitoral, chega-se ao final de fevereiro com quase 193 mil eleitores. Ao atingir mais de 200 mil eleitores , Imperatriz será o segundo município do Maranhão a realizar segundo turno para a eleição de prefeito. Hoje o segundo turno só ocorre no município de São Luís.
Região Tocantina – Quais as vantagens de se passar a ter uma eleição com segundo turno para o cargo majoritário?
Elson Araújo – Além de um envolvimento e participação maior do eleitor, a escolha do prefeito passa a ser mais democrática e mais justa. Imagine que, no primeiro turno, o eleitor faça uma espécie de juízo de admissibilidade dos melhores projetos ou nomes, e no segundo limite a escolha entre os dois mais bem votados ou que tenham se apresentado melhor. Nesse caso, pode-se afirmar que a vontade popular fora efetivamente respeitada com a maioria optando por um projeto. Diferente de um gestor ganhar a eleição obtendo um 1/3 do eleitorado.
Região Tocantina – Quais os entraves para que isso aconteça este ano?
Elson Araújo – Acompanho a vida da cidade há muito tempo. Imperatriz é polo, circundada por diversos municípios, que dela se emanciparam. Não tenho números, mas tem muita gente de Imperatriz que, por questões familiares, de amizade e até mesmo empregabilidade pública ou privada, vota nesses municípios. Considero isso um entrave. Há outros aspectos, mas vejo esse como um dos maiores. Seria um grande gesto cidadão dessas pessoas que vivem em Imperatriz retornarem seus domicílios eleitorais para nossa cidade. Elas têm até o mês de maio para isso.
Região Tocantina – Você acredita que há um esforço para que isso seja alcançado este ano?
Elson Araújo – A princípio, não acreditava. Mas mudei de ideia quando vi o engajamento institucional, e até pessoal dos seus agentes, da Justiça Eleitoral. Do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), que já esteve em Imperatriz, e estará novamente dia 11 março, ao esforço pessoal do doutor Delvan Tavares, juiz eleitoral da Comarca, que nessa caminhada se tornou uma espécie de arauto da luta pelo segundo turno. Além disso, tem a Câmara Municipal , o Sinrural, Associação Comercial , as igrejas, enfim, temos todas as condições para termos um segundo turno nas eleições municipais neste 2024.
Região Tocantina – Como a população pode ajudar a que isso aconteça?
Elson Araújo – Vox populi, vox Dei. A voz do povo é a voz de Deus! Sem o apoio e sensibilidade da população, fica mais difícil atingir esse objetivo. A cidade tem muitos cidadãos engajados nos movimentos sociais, associações de classe, clubes de serviço, sindicatos. Se cada um, tal qual aquele beija-flor que queria acabar um incêndio florestal com gotas de água levada no bico, fizer sua parte, não tenho dúvida do sucesso dessa campanha cidadã.
Região Tocantina – Qual a sua expectativa para todo este processo?
Elson Araújo – Acredito nuns “efeitos colaterais” dessa campanha. Atingindo ou não, neste 2024, os 200 mil eleitores, o envolvimento da população tende a resultar numa imersão maior no processo eleitoral e, com isso, uma melhora na filtragem dos candidatos e candidatas a comandar o segundo município mais importante do Maranhão. Além disso, acredito que, ao final de tudo, possam surgir novos líderes, novos nomes com vocação para a carreira política. A cidade continua carente de novas lideranças.