É muito arriscado escrever sobre temas complexos. Sobretudo, a respeito daqueles não pacificados, não conclusivos, e que quando expostos geram controvérsias, e calorosos debates. Quem ousa abordá-los, de alguma forma, fica exposto sobre vários aspectos, mas, pelo menos, de alguma forma vale o risco pois, abre espaço para algum tipo de reflexão. No instante em que me ponho na frente da tela do computador me desafio a escrever sobre consciência. Acredito que sobre o viés do momento inicial de um novo ano, o tema seja propício, pela ótica do que me apanho a refletir.
Considero a virada do ano uma data mais simbólica do que o 25 de dezembro. Não que o Natal não seja importante, não é isso. É que o encerramento de um ano, e o início de outro, quando disso se tem consciência, (olha consciência aparecendo aqui) pode se constituir num forte e positivo “balaio emocional”. Imagine, o que é a graça que é fechar um ciclo, concluir uma tarefa, e chegar vivo ao final de um ano!
O sentimento que assalta as pessoas comuns numa virada de ano, aqui entra experiência de vida, não é diferente do de aniversário de nascimento. A gente fica mais emotivo, reflexivo, e acima de tudo mais aberto a correção de rumos, e às mudanças necessárias para continuar tocando em frente. Lembra daqueles compromissos que muitos de nós costumamos escrever e guardar na carteira, dentro da Bíblia; e depositar nos altares das igrejas? Quando feitos com consciência tendem a fortalecer o eixo na fé de que dias melhores virão. Mas, sem consciência a fé desaparece, e nada feito!
A consciência é algo complexo e como tal, objeto de pesquisa de filósofos, cientistas e artistas há séculos. Até hoje não existe uma definição única e pode ser entendida sobre diversos aspectos. A abordagem que faço no texto de hoje longe fica de um tratado filosófico, no entanto, se aproxima muito da clássica definição de se constituir na capacidade de se experimentar o mundo e se relacionar com ele.
A exploração da consciência passa, portanto, por sentimentos, pensamentos, sensações e ainda pela capacidade de perceber o mundo exterior e interagir com ele. Em suma, por aspectos subjetivos e objetivos. E nesse mesmo caminho pode ser afirmar que essa consciência subjetiva, essa que nos leva a sentir alegria, tristeza, raiva e amor, é que nos torna indivíduos singulares, ou seja, únicos.
Quando se faz alguma coisa com consciência, estando ali presente, é diferente de um ato mecânico, de fazer, por fazer. A maturação me ensinou que o estar, ou procurar fazer as coisas no modo consciente é fundamental para o bem estar, a própria sobrevivência, e a constituição do foco naquilo que se pretende alcançar. Abandonar um vício, seja ele qual for investir na saúde física e financeira, no crescimento profissional; recompor a harmonia familiar, entre outros, são situações que para se tornarem factíveis, só mesmo quando se tem consciência de que é preciso; uma obviedade grandemente desprezada por nosostros.
A consciência, na sua complexidade, nos desafia a compreendê-la e a exercitá-la. Uma certeza, ou consciência, temos: a de que é um fenômeno essencial para o que nos torna humanos.