Samanta Barreto Matos de Souza é natural de Campinas – SP, veio para Imperatriz aos seis anos de idade, acompanhando a mãe e nesses mais de 30 anos construiu vivências e experiências em nossa cidade.
Mulher, mãe, educadora e aprendente de poesia, como costuma se apresentar, Samanta tem dois filhos, um menino de 15 anos – Mathias e uma jovem mulher de 23 – Isadora.
É professora da rede estadual há 15 anos e atualmente trabalha com formação em Literatura e Ensino para professoras/es. Ativista social, atua como coordenadora do Coletivo Cromossomos +, grupo articulado em prol da defesa dos direitos da pessoa com Síndrome de Down. Feminista e simpática a outras causas sociais, já esteve em alguns movimentos pela luta por igualdade em causas diversas.
Teve seu primeiro livro de poesias – (Re) leituras de mim, publicado de forma independente em 2013 e, no momento, tem mais um livro a ser lançado ainda este ano – É sempre longe aqui dentro.
Samanta se apresenta como aprendente de poeta, por considerar “a poesia um ofício, onde cada leitura, visão de mundo, vivência, ajuda a construir o caminhar. Assim, ofício sempre inacabado”.
POEMA PARA UM MENININHO
Um dia, assim sem avisos
uma sementinha de amor
brotou de mim
nem eu sabia
que neste dia e para sempre
eu podia gerar uma sementinha tão linda
quando ela eclodiu e subiu
às minhas terras
já trazia nos olhinhos o decreto de amar
e foi crescendo
e me fazendo forte
me ensinando a que veio
minha sementinha se chama amor
e espalha sementes
por onde quer que passe
semeia risos, abraços e beijos
só para quem está atento
minha sementinha
já virou flor
e anda por este mundo
espalhando beleza
dessas incomparáveis
semente, broto, flor de amor!
TU E EU
Faço versos com quem canta
Ou quem reza
Numa prece humilde, contrita
Num canto forte, rasgado
Verso, canto e rezo são para isso
Chegar mais para dentro de si
E olhar o universo todinho
UNI-VERSO
Somos um tu e eu
No acorde acertado
E na prece sincera
De gratidão e despertar.
A SEMENTE NOVA
De presente ganhei nova semente
Ela chegou fazendo barulho
Mostrando a que veio!
Ganhei uma outra semente de amor
Ela me ensinou
Que existem muitas sementes
Cada uma brotando a seu tempo
Carregadinha de carinho e afetos
Minha nova semente brotou
Trouxe festa à minha vida
Quis saber mais sobre sementes
E sobre brotos e sobre flor
Minha nova semente é muito curiosa
Atenta às coisas desse mundo
Questiona tudo!
Questiona até o broto e a flor
Ela brotou no meu ventre e no meu coração
Cresceu e tomou conta de tudo
Tomou conta de mim
E virou flor que gira
De um lado para o outro
Semente, broto, flor, beija-flor
Minha nova semente voa!
Alcança os céus para
De novo e de novo
Me ensinar o que é o amor.
POESIA PARA QUÊ?
Para suportar os dias
ou para morrer em cada verso
para ir mais longe
ou se perder dentro de si
seguir ou ficar
nem depende de poesia
mas ela ajuda
a embaralhar as ideias
só pra ter o gostinho amargo
na boca e depois
desatar os nós.
NADA MAIS ME CABE
E as caixinhas? Estão por todos
Os lados
As coisas também não cabem
Em mim
Profusão
Não quero nada do que é
Alheio
Aprendi no Maranhão.
A TEMPO
Eu quero escrever a poesia
da mulher que sou
mas esses versos não cabem no papel
Eu quero escrever que agora
em quase meia jornada
me descobri
mas esses versos não cabem
nem em mim
Eu quero então escrever um poema
que me caiba e caiba em mim
mas, para a poesia, a única regra
é o descabimento.
PROSA MÃE D´ÁGUA
O que aquele rio tem a me
dizer?
É que a vida, fia (ouço-o assim com uma fala bem mansa),
não volta…
e é bem coisa de rio correr assim
impreciso
nunca duas vezes
sempre indo
e não se para num rio
ou se contorna ou se afoga.