(Por Edmilson Sanches – Administrador, historiador, comunicador, escritor, palestrante, consultor, autor da Enciclopédia de Imperatriz)
Muitos têm e mantêm a convicção de que parte da juventude não quer nada com nada. Nem sempre é assim, é claro, pois ser humano nenhum é cem por cento perfeito ou cem por cento imperfeito.
Tempos desses, em Imperatriz, estive no colégio COC, aonde fui a convite para ministrar uma palestra sobre “A Arte de Escrever com Arte”. Fui chegando e já o vigia, Seu Martins, e Dona Deuselina, da administração, foram me saudando, com entusiasmo, como se fôssemos velhos amigos. Houve até declaração de votos em mim, em eleições passadas e para o futuro também… O professor Axel, a coordenadora pedagógica Vera… tudo carinho e alegria.
Também me chamou a atenção um professor dizer; “ – Vamos aguardar os alunos do 3º Ano [Ensino Médio], pois, quando eles souberam que era você o palestrante, pediram para participar, e atendemos. Eles estão abdicando do tempo de intervalo [“recreio”] para ouvir você.”
Pois é. Jovens quase adultos querendo ouvir… Geralmente querem falar. Poderiam estar aproveitando o tempo para ficarem dedilhando o “tablet”, o “smartphone”, I-pad, I-pod e quejandos, poderiam ficar “zoando” e zanzando naquele tempo livre, mas, voluntariamente, espontaneamente, preferiram ficar trancados entre quatro paredes junto com dezenas de outros colegas de outras séries e turmas, para ouvir falar de… poesia, de Literatura, de arte de escrever com arte, de alma humana, da experiência humana no mundo, de essência… De (quase) tudo.
A gente não sabe que tipo de pessoas a gente toca e não sabe que reação ou ação nossa fala provoca. Seja dita no rádio ou na TV, seja escrita em jornais ou redes sociais, “e-mails”, “sites” e que tais, tenho cada vez mais me surpreendido — saudavelmente — com depoimentos, com testemunhos, com aproximações de pessoas que me dizem: “ – Eu gostei muito”.
Ainda contarei aqui alguns exemplos de pessoas que me disseram o quanto coisas que eu disse ou escrevi influenciaram para melhor a vida delas e até lhes mudaram o destino. Famílias inteiras, pais, mães que me pararam nas ruas, que me chamaram em casa, que me encontraram em reuniões em bairros e se declararam agradecidas por seus filhos e filhas se sentirem sensibilizados, energizados e motivados para algo melhor em suas vidas em razão do que ouviram ou leram de mim. O poder da Palavra é maior do que a palavra do Poder.
Sou forte porque choro. Os seres humanos podem ser mais surpreendentes do que se imagina. Por depoimentos assim, já chorei diversas vezes — contidamente, lágrimas solitárias rolando o rosto como orvalho em romântica relva.
O aplauso entusiasmado, o chegar-se bem perto para cumprimentar, dizer-se maravilhado com o que eu disse, ou mesmo de longe o olhar da moça fixo, imóvel sobre mim, como quem está na dúvida se se aproxima e me abraça ou se eu resgato seu olhar e já me sinto abraçado de modo mudo, como só a linguagem do olhar pode fazer.
Certamente esses jovens têm algo a mais e talvez devolvam ao mundo o que o mundo pode estar perdendo — humanidade. Ser humano é a única razão — humana — de a gente ser.
Não é sem razão que “no princípio era o Verbo”. Não era um monte de carne, um saco de cimento, um rolo de arame, um pacote de dinheiro. No princípio era o Verbo. Somos Verbo, e até em nosso DNA o que nos identifica são letras: C G A T, com que se identificam compostos orgânicos que contêm instruções genéticas responsáveis pelo desenvolvimento e funcionamento dos seres vivos.
Para alguns, escrever é bobagem e falar, “teoria”. Não tem jeito: “contra a ignorância até os deuses lutaram em vão”. Gente assim é do tipo daquelas que são as primeiras a chegar frente ao palácio de Pilatos para condenar Cristo.
Gente assim chama de tola a atitude de São Francisco de desprezar a fortuna do pai e, tirando até mesmo a roupa do corpo, dedicar-se ao que é de mais essencial no ser humano.
Gente assim, “prática” (idiotas do pragmatismo), atiraria novamente em Martin Luther King, que falava e tinha sonhos (“I have a dream…”).
Gente assim sacrificaria Madalena de Canossa, princesa, herdeira e administradora de fortuna da majestosa e majestática família italiana, pois Madalena “ousou” dedicar-se aos pobres, tanto que até dá nome a escola num periférico bairro de uma distante cidade no interior de um pobre estado do Brasil… – Imperatriz, Maranhão.
Gente assim chama de tolo Gandhi, que falava e com palavras e silêncios e sofrimentos fez independente o gigantesco país Índia.
Gente assim pune pastores, prega a desnecessidade de padres, a inutilidade de professores, pois são todos pregadores de falas, cravejadores de palavras.
Gente assim… gente assim não sabe nem escrever, pois não sabe o que fala. Conceda-lhe o perdão, Pai, por ser miúda e mesquinha, estreita e vazia gente assim…
Grato aos alunos, professores e gestores da escola COC, que me propuseram o desafio de lhes falar sobre o que dizer e como dizer com palavras.
Como está na Bíblia, na segunda epístola de Pedro: não basta a fé; à tua fé adicione conhecimento; ao teu conhecimento, junte amor, e quem não fizer isso não está enxergando longe…
Aos que são do Bem — Amém.
Aos que vêm do Mal — tchau!
3 respostas
Parabéns Edmilson Sanches
Sou sua admiradora desde que te conheci na Velha Guarda Caxiense
Acompanho seu trabalho por nosso grupo de whatsapp
Suas palavras tanto escritas quanto faladas, são claras e objetivas
Tem um fácil entendimento
Seu trabalho é encantador, você é um ser iluminado, inteligente e focado
Meu prezado confrade Edmilson eu sou um grande admirador dos seus textos. Todos que eu leio me motiva a caminhar em busca de mais conhecimento literário. Um abraço.
Meus Aplausos, confrade!