terça-feira, 15 de outubro de 2024

MULHERES COM DEFICIÊNCIA OU SIMPLESMENTE, MULHERES!

Publicado em 8 de março de 2023, às 6:32
Imagem fornecida pela autora.

Por Sharlene Serra – de São Luís Maranhão, poeta, escritora. Graduada em desenho industrial, pedagogia e especialista em Ed. inclusiva, Participou de diversas antologias/coletâneas nacionais. Tem 8 livros publicados. Membro da Academia Poética Brasileira  e vice presidente da AJEB- Associação de Jornalista e Escritoras do Brasil, coordenadoria do Maranhão.

Chegou o mês da homenagem! Não que este seja apenas o único período para que sejamos homenageadas, mas é o período da pausa, da reflexão e nós, aproveitamos, até porque, precisamos expor nossa voz, pois em muitos casos, até hoje, muitas mulheres são silenciadas, esquecidas violentadas física e psicologicamente.  

Diante disto, precisamos cada vez mais, mostrar a nossa força , garra e coragem e saber o que queremos e onde queremos chegar, já é um grande passo.

Escrevo agora, respirando o aroma de café afetivo, lembranças da minha vó Camélia, e o próprio café, vai contando história de uma mulher admirável, que nunca desistiu dos seus sonhos, criando 13 filhos, onde a doçura aliada à sua força, foram ingredientes indispensáveis. Ela partiu em 2008 com o dever cumprido, a sua existência permanece em mim, tatuada na minha alma.

Permito-me olhar para o espelho em posse de um batom vermelho para minha própria apreciação e comemoração, afinal, ser mulher é algo extraordinário! Pois somos muitas, em uma só.

MUITAS, EM UMA.

Somos muitas

somos poemas

na teima

sedução

Somos riso

comédia

ebulição

Somos filme

drama

lágrimas

alma fogo

somos damas.

Protagonistas

carpe diem

somos notas musicais

e no sussuro emocionado do sax

pedimos, paz.

Seguimos, contrariando o que diz,

sendo múltipla

a força motriz

Somos mulheres de fato

na delicadeza do ato

lutando por nosso espaço

na sensualidade do salto

ou com os pés descalços.

Sharlene Serra

No poema envolvo Todas as mulheres com e sem deficiência. E hoje é sobre as mulheres com deficiência que irei me direcionar, não as rotulando como guerreiras ou modelos de superação, muitas nem gostam destes rótulos, preferem, ser  MULHER, na etimologia da palavra e em tudo que a mesma representa.

Por conta de uma complexa discriminação baseada em gênero e deficiência, as mulheres consequentemente enfrentam uma maior invisibilidade. Atualmente vivemos no país  com 45,6 milhões de brasileiros/as que possuem alguma deficiência. Destes 26,5% são mulheres, conforme o censo de 2010 (IBGE, 2013).

Com o passar do tempo, as mulheres com deficiência, foram construindo suas histórias, traçando seus caminhos e mostrando à sociedade sua capacidade, sua voz e sua existência.

OLHARES

Sou mulher com todas as letras e sensações

soletro lutas, lágrimas, parto

vida

Não me negue o direito

de ser, viver,

não discrimina

O desejo latente

na veia percorre

Sou mulher loba

ou de repente, gata

A deficiência é um detalhe,

Mas o teu olhar, me torna invisível e

me mata.

(Sharlene Serra)

O preconceito ainda é latente, como se a deficiência tirasse e eliminasse a beleza, a sensualidade e a sexualidade da mulher.  É  interessante entender que a deficiência não elimina prazeres, apenas se constrói novos caminhos, o cérebro é um órgão sexual, é ele que  identifica o que é excitante, atraente, ele comanda nossas emoções e interpreta. Portanto, é válido ressaltar que mulheres e homens com deficiência, possuem vida plena para se entregarem ao prazer neural, onde esse prazer é estimulado por todos os outros sentidos, visão, audição, tato ou cognitivos.

A sexualidade é ampla e complexa e a mulher com ou sem deficiência  deve ser vista como um ser completo e repleto de possibilidades para o exercício do viver.

Enfatizo o poder da mulher e que elas, independente da deficiência, vem mapeando na história, transformando o que alguns chamam de limitações, dificuldades, elas chamam de novos olhares e se ressignificam, mostrando e eternizando assim, a importância da mulher em vários segmentos, segue mulher com deficiência que marcaram e outra que continuam atuantes. A admiração me abraça:

Frida Kahlo:

Nasceu em 1907, no México. Foi uma das maiores figuras representativas do feminismo. Teve a perna amputada aos 45 anos de idade. Morreu em 1954.

Laura Bridgman:

Nasceu em 1829 em Hanover nos Estados Unidos. Foi a primeira mulher a estudar a língua inglesa, mesmo sendo surda e cega desde os dois anos de idade. Foi professora da escola Parkins para cegos. Morreu em 1889.

Helen Keller:

Nasceu em 1880. Foi a primeira pessoa surda e cega a conquistar um bacharelado. Escritora, conferencista e ativista social americana também conhecida por suas obras na literatura e cinema. Morreu em 1968.

Maria da Penha:

Nasceu em 1945, no Ceará.  Foi vítima de violência doméstica que deu nome a Lei que defende as mulheres (Lei Maria da Penha),  ficou  paraplégica por conta das agressões que sofreu do ex-marido. É farmacêutica e hoje é representante dos movimentos feministas.

Dorina Nowill:

Nasceu em 1919 em São Paulo. Ficou cega aos 17 anos devido a uma infecção ocular. Seu legado foi a criação e implantação de instituições, leis e campanhas em prol das pessoas com deficiência visual. Idealizadora e fundadora da Fundação Dorina Nowill, associação que  atende  cegos.

Mara Gabrilli:

A Senadora  Mara Gabrilli , nasceu em 1967 em São Paulo. Sofreu um acidente de carro que a deixou tetraplégica aos 27 anos de idade. Formada em publicidade e psicologia, fundou o Instituto Mara Gabrilli, que atende pessoas com deficiência.

Ana Rita de Paula:

Nasceu em 1962 em São Paulo, com uma deficiência congênita e progressiva, que a deixou na cadeira de rodas. Psicóloga, ganhou muitos prêmios por se dedicar a dar visibilidade para pessoas com deficiência e pela sua luta visando inclusão e acessibilidade.

Vanessa Vidal:

Nasceu no Ceará em 1984. Surda desde a infância formou-se em ciências contábeis e letras/libras. Em 2008 ficou em segundo lugar no concurso de Miss Brasil, sendo a primeira candidata com deficiência. Hoje ela luta pela inclusão.

Amália Barros:

Nasceu em Mogi Mirim São Paulo,  jornalista Amália Barros, 34 anos, perdeu a visão em 2013 e vem lutando pela representatividade das pessoas monoculares (pessoas que têm apenas um olho) e pela inclusão da prótese ocular na lista de próteses oferecidas pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

 

Geiza Pereira: Paulista, tem 31 anos, perdeu a visão quando era criança e se dedica na dança desde os 9 anos. É a primeira professora cega de ballet do mundo. (Geyza dá aulas na Associação Fernanda Bianchini e no Instituto de Cegos Padre Chico.)

Fernanda Honorato: carioca, coleciona diversas premiações e reconhecimentos pelo trabalho e  impacto social que realiza. Tem Síndrome de Down. Atualmente, é palestrante e repórter no Programa Especial, da TV Brasil, no qual atua desde 2006 e promove nas reportagens a inclusão das pessoas com deficiência.

 Se paramos para olhar a eficiência destas mulheres, realmente não conseguiremos enxergar suas deficiências. E assim, descobrimos que todas elas fizeram de si, uma forma de traçar novos caminhos e a partir das suas ações, ajudam sem limites outros seres humanos.

E para que não possamos esquecer: “O destino de uma mulher, é ser MULHER. ” Clarice Lispector.

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