Antônia Arlene de Sousa Azevedo é natural de Amarante – MA. É graduada em Filosofia pela UFMA, pós- graduada em Lógica Simbólica e Metodologia das Ciências e tem formação em Programação Neurolinguística, nos Níveis de Practitioner e Master, pela Sociedade Brasileira de Programação Neurolinguística.
Foi professora do Departamento de Pedagogia da UEMA por 20 anos, sendo Chefe de Departamento e Assistente Administrativa de Centro. Em Amarante, foi Secretária de Educação e fez parte da coordenação estadual da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME). Hoje aposentada, continua a prestar serviços à educação, de forma voluntária.
Desde a adolescência, a poesia e a literatura exerciam sobre ela grande fascínio, fazendo da leitura seu principal lazer. Tem escrito alguns contos e outros textos sobre cultura regional, cultura indígena, tema ao qual se dedica, especialmente em relação aos valores implícitos nas manifestações culturais das tribos gavião e guajajara.

HUMANAMENTE

Quando a noite vier
E o corpo reclamar,
Quando o coração gemer
E a lágrima aflorar,
Quando os amigos se forem
E a solidão chegar,
Quando orgulho e egoísmo derem- se as mãos,
A desilusão virá.

Mas,
Quando o dia voltar
Nas asas do alvorecer,
Quando o coração gritar ,
Quando o amor responder,
Quando um jardim de ternura
Fizer-se em flor, vicejar,
Quando o afeto, doce fruto,
O seu cheiro espalhar
A paz soberanamente há de reinar.
E aí então? Seremos LUZ?
Não. Apenas muito mais,
Humanamente HUMANOS.

LEDO ENGANO

Ingênua! Pensei-me única.
Criatura especial.
A duras penas descobri:
Sou apenas uma pessoa
Como tantas, tal e qual.

Imaginei o amor feito apenas de doçura .
Mas lei de Deus ensina
Que sem doação sem ternura,
sem renúncia e sem perdão,
a amálgama não se faz.
E o amor…. vira ilusão.

Imaginei felicidade
como um pássaro a voar,
E eu ave de rapina ,
num rasante lhe alcançar.
LEDO engano!
Ela se encontra na extensão do verbo amar.

Onde estás felicidade?
Na alegria do ter ou ser,
no prazer de uma conquista,
no cumprimento do dever,
na paz serena de um lar
ou na ilusão do poder?

Imaginei como um sonho,
A liberdade sem fim.
De procura em procura
Virei prisioneira de mim.

AMIGA FORMIGA

Acordei de madrugada
com um leve mal-estar,
levantei, fui à cozinha
um chazinho preparar.

Enquanto o chá esfriava,
eu fiquei observando
uma formiga incansável,
indo e vindo, trabalhando.

– Formiga, de onde tiras
essa coragem enorme?
Enquanto o mundo descansa
tu trabalhas. Nunca dormes?

Por que tanto corre -corre
se a ti tão pouco basta?
Trabalhar é teu lazer,
ou destino de tua casta?

– Formiga tu não conheces
este meu mundo de gente!
Uns trabalham, muitos logram.
É assim, infelizmente !

Não sei se estou enganada,
ou se é impressão minha,
o segredo dessa lida
é lealdade à rainha?

Esta é uma virtude
que dia a dia fenece,
Até quem diz: “eu te amo”,
daqui a pouco esquece.

Poderias ensinar
tuas lições a muita gente,
que só reclama da vida,
come e dorme, engana e mente.

MEU ANJO MORENO

Era sol? Era chuva?
Nãaao… só trovoada!
Um relâmpago rasgou o céu.
Plaft! Caiu um anjo!
Estatelou-se? – Não senhor
Anjo não se estatela, voa.
Já vem com seguro protetor.
É de carne e osso, mas é um anjo sim senhor.

Não era louro de olhos azuis
Nem era também nenhum querubim
Era ela, nossa Tia Munda
Um anjo moreno,
mais ou menos… assim.
Que sabe sorrir, cantar, dançar,
Que embala meu sono
Que espanta meus medos
Que me conta histórias,
Ouve meus segredos,
Que é generosa
Que é anjo e é gente
Pra tantos que ama
Incondicionalmente.

Dá-me tua mão, Anjo Moreno,
E teu cuidado que preciso tanto
E eu te devolvo todo aquele amor
Que fizeste brotar, pleno de encanto.