terça-feira, 15 de outubro de 2024

Mural das Minas #19: NATÉRCIA GARRIDO: Poesia como expressão; literatura como ofício.

Publicado em 1 de outubro de 2022, às 17:52
Imagem cedida pela autora.

Natércia Moraes Garrido (São Luís-MA, 1979) é escritora, crítica literária e professora brasileira. É docente do Departamento de Letras da Universidade Estadual do Maranhão e do Ensino Médio, Técnico e Tecnológico do Instituto Federal do Maranhão, ambos campi situados em Caxias-MA.
É Mestre em Literatura e Crítica Literária pela PUC-SP, onde no momento finaliza seu Doutorado no mesmo Programa de Pós-Graduação.
Começou a escrever desde cedo influenciada pelas leituras e conversas com seu avô, o poeta e pesquisador maranhense Nascimento Morais Filho.
Exerce o ofício de crítica literária em suas plataformas virtuais intituladas A Beletrista (no Blog desde 2010; no Instagram desde 2014 e no YouTube desde 2017). Nesses espaços escreve resenhas críticas e abre espaço para publicação de textos de outros escritores também.
Publicou dois livros: A poética modernista em Azulejos de Nascimento Morais Filho (Goiânia: Ed. Espaço Acadêmico, 2019) e Poesia em 3 tempos (Teresina: Ed. Elã, 2021). Organizou a 4a edição do livro de poemas Clamor da Hora Presente de Nascimento Morais Filho (São Luís, MA: Unigraf, 2021). O próximo livro de sua autoria a ser publicado em 2022 intitula-se Este é um não-poema.

PASSAGEM

A morte.
É apenas a passagem da lembrança.
Lapso de memória.
Escrevo-a.
Descrevo-a.
Desmembro-a.

A morte.

REFEIÇÃO DO DIA

Posta à mesa
a refeição do dia:
risos
planos
falhas
metodicamente pensados em segredo.

FICÇÃO

Histórias perfeitamente narradas num tempo sob medida.
A literatura tem seu glamour.

A vida
Não.

ÁGUA

Lavagem
Instantânea
Da alma.

Chama-se
chuva.

SINO

Você escuta ao longe? Me diga você escuta?
Me diga o que sobrou da força de sua vontade
do quanto reparou pela fresta.

Você escuta o enorme sino
que canta todos os sons da promessa?

CAOS

experimentar o caos e sucumbir à loucura
quem me chama de louca é bem maior que eu
não tenho o dom da palavra mas posso acusar
há quem se intrigue com um olhar
mais alto que o seu
há quem odeie a livre vontade do ser
naturalmente
eu prefiro o caos muitas vezes
mas sei que o silêncio tem sua perfeição exata
a contagem do som ritmo contratempo
não sei se cheguei no volume das rimas do meu falar
por isso não calo menos do que sou.

____

Eu lentamente me despeço
Do seu ponto
De partida.

O mar e sua eterna imensidão
cochicharam em meu ouvido:
engole a corrente do tempo.

TEMPOMAR

Pois se há mil formas de morrer
existe um único jeito de viver.

Engole a corrente do tempo que resta
e saboreie.

CAVERNA

eu entendo que essa passagem torta ainda será meu destino
havia uma caverna há muito extinta porque ninguém conseguia ler dentes olhos cabelos
há também o inesperado existir de muitas vidas, não
você não entende o que eu vi
a necessidade da dor vinculada ao riso na multidão por pouco se realiza
preciso voltar à caverna para extirpar a fagulha, lançar o dardo
queimar as vozes que estão em minha mente
não sem o privilégio de morrer assim, ingenuamente
de punhos fechados soco a terra que me recebe sem mais
calma, você não está só
ar terra água fogo éter se configuram no portal
vou entrar e quero entrar para não cair
mas cair quem sabe abrir endeusar o risco dessa estória.

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