segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Mural das Minas #07: DILERCY (ARAGÃO) ADLER: A PALAVRA COMO OFÍCIO

Publicado em 9 de maio de 2022, às 16:09
Fonte: Da Redação
Imagem cedida pela autora.

Dilercy Adler nasceu em 07/07/1950, em São Vicente Férrer/Maranhão/Brasil. Psicóloga, Doutora em Ciências Pedagógicas-ICCP/CUBA (revalidação UnB/Brasília), Mestre em Educação-UFMA, Especialização em Metodologia da Pesquisa em Psicologia – UFMA e em Sociologia-UFMA. Integrante do Banco de Avaliadores (BASis) do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes). Aposentada da Universidade Federal do Maranhão e Professora de Graduação e Pós-graduação. Tem publicados: 12 livros de poemas, 3 acadêmicos, 2 biográficos e 1 de história infantil. Organizou 12 antologias e integra mais de cem antologias entre nacionais e internacionais. Já recebeu vários prêmios, troféus e menções honrosas por trabalhos poéticos e culturais. É Membro Fundador e Presidente (biênio 2016-2017) da Academia Ludovicense de Letras – ALL, Casa de Maria Firmina dos Reis, ocupando a Cadeira de nº 08, patroneada por Maria Firmina dos Reis. Titular da Cadeira Nº 1 do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão–IHGM; Vice-Presidente da Academia Maranhense de Trovas-AMT; Presidente fundador da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão-SCLMA (julho de 1987-dez 2016), Presidente da Sociedade de Cultura Latina do Brasil; Membro da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil-Coordenadoria Maranhão, entre outras instituições culturais nacionais e internacionais.

MITOS

De perto e diariamente
ninguém é tão bonito… 

sem os perfumes e cremes
ninguém é tão cheiroso… 

sem os artifícios da moda
ninguém é tão charmoso… 

sem as palavras sussurradas
ninguém é tão doce… 

com a cara abarrotada 
pela mal dormida noite 
ninguém é tão viçoso …

visto de muito perto 
o mito se desfaz 
o certo é que de muito perto 
ninguém é mesmo normal!…

POEMA (IN)ACABADO

Um poeta, diante do papel
que branco e vazio se encontram 
é somente um poeta
que vê calado o absurdo do mundo!

um poeta que derrama palavras no papel
denunciando a injustiça do mundo
e – a escancara –
pronuncia o parto da liberdade!
 

o poema nunca estará pronto
nem perdido
enquanto as palavras se encaixarem 
liricamente no real
invadindo o incauto coração!

O TEMPO (Para Chico Buarque)

O tempo passou na janela
na minha e do meu bem…

o tempo passou na esquina
passou para ela
e para a menina também!

o tempo viajou no barco
de avião e de trem
viagens breves ou longas
lá estava ele também!

o tempo é democrático
passa em todo lugar
viaja
fica
registra presenças
             lembranças
sem esquecer ninguém!

o tempo passa…
e eu o tenho às vezes
na palma da minha mão
mas logo entre os dedos escoa
me tirando a ilusão
de que eu possa prendê-lo
pra sempre na vida
no coração!

“O tempo passou na janela
Só Carolina não viu”.
não viu! perdeu!…
ele jamais voltará!

e assim
passou…
passa
passará
inexorável
tensa e indolentemente

o tempo –
a todos e a tudo resistirá!

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