O uso frequente de Inteligência Artificial (IA) tem facilitado a criação de rotinas produtivas e de inovações em textos, imagens, músicas, design de produtos, gestão, além de várias outras aplicações. Essa realidade de dependência crescente de tecnologias tem impactos negativos nas principais áreas da vida? Estamos diante de instrumentos tecnológicos benéficos para o aperfeiçoamento humano ou maléficos para a natureza humana?
As Inteligências Artificiais generativas (IAs generativas) são caracterizadas pela capacidade de gerar conteúdos e ideias (conversas, histórias, vídeos, áudios, etc.) em resposta a solicitações, diferentemente das IAs tradicionais que apenas copiam, imitam ou reproduzem algo. Ela é treinada em um grande conjunto de dados e usa algoritmos de aprendizado de máquina para identificar padrões e relações entre os dados e produzir novos conteúdos semelhantes ao usados em seu treinamento.
As IAs estão presentes em todos os segmentos sociais e em todos os usos urbanos (habitacionais, não-habitacionais e mistos) e de forma cada vez mais constante em alguns não-urbanos (rurais). Ou seja, nas moradias, nos comércios, nas indústrias, no campo, a utilização de sistemas de inteligência artificial projetados para gerar dados ou conteúdo novo e/ou original, parecidos com os produzidos por seres humanos, tem se tornado regra e colocado em cheque situações envolvendo ética, segurança, preconceitos e até saúde.
Alguns procedimentos evidenciam fatos preocupantes sobre as IAs generativas: a) uso antiético, tais como, possibilidade de criação de informações falsas ou enganosas (fake news); b) geração de insegurança na manipulação de mídias (deepfakes), questões relacionadas à autoria e propriedade intelectual, violações de privacidade; c) perpetuação de preconceitos, com a reprodução de opiniões preconcebidas existentes nos dados em que a IA foi treinada (algoritmos); d) riscos à saúde física e/ou mental, causados por vício em tecnologia e internet.
“Desconectar-se” completamente das tecnologias, provisoriamente e regularmente, é vital para evitar, reduzir e/ou modificar padrões de comportamento compulsivo e descontrolado em relação ao uso de dispositivos eletrônicos, redes sociais, “streaming” e jogos on-line, que são impulsionados e gerados por facilidades construídas por sistemas de aplicativos (IAs). Priorizar momentos de atividades fora do mundo virtual (de preferência ao ar livre) e afastar-se das “telas” antes de ir dormir, podem aumentar a qualidade de vida.
Desconsiderar essa “desconexão” pode acometer o desenvolvimento cognitivo, afetar negativamente a atenção, a concentração, a aprendizagem, a memória, a regulação emocional e o funcionamento social. A dependência digital pode comprometer substancialmente diversos setores da vida e causar baixa autoestima, insatisfação pessoal, depressão ou hiperatividade e a falta de afeto ou empatia.
É importante ressaltar que instrumentos são apenas objetos criados para executar trabalhos. Não há intencionalidade de adjetivação destes, pois podem ser utilizados para desempenhar ações que auxiliem ou prejudiquem o ser humano. Não são bons ou maus. O bom ou mau uso depende do sujeito. Deste modo, as IAs servem tanto para o aprimoramento de habilidades e competências humanas (quando desenvolvidas e usadas de modo responsável) quanto para enfraquecer o indivíduo (em vários níveis), inviabilizar suas relações sociais e colocar em risco a sua própria existência. Vigiar é preciso, vigiar-se é fundamental!
Conclui-se, então, que as IAs generativas são ferramentas que representam uma evolução tecnológica, mas que podem configurar uma involução social se não forem utilizadas de maneira humanizada. O avanço das Inteligências Artificiais não deve ser o declínio da Inteligência Natural e, por conseguinte, a decisão está em nossas mãos.
Uma resposta
Parabéns! Dr. Cláudio Santos. Em tempos de dependência digital faz- se relevante trazer para o cenário de leitura e discussão esta temática abordada neste texto.
Receba os aplausos de sua fiel leitora.