Com frequência encontramos pessoas que: a) esperam ansiosamente pelo seu aniversário; b) não gostam de pensar sobre essa data e de comemorá-la e c) celebram a vida nesse dia e/ou nos outros dias do ano.

Para os que criam enormes expectativas até a chegada de sua festa natalícia esse momento é único, imprescindível, mágico e se apresenta como um marco em sua existência. É como se todas as suas aflições, receios, temores sumissem e dessem lugar a um mundo novo cheio de esperanças e realizações; assemelha-se a um “renascimento”.

Porém, o fato de concentrar toda a sua atenção, energia e emoções em um único dia no ano pode ser algo temerário. Imaginar, desejar e alcançar satisfação plena são verbos que não se apresentam regularmente para todos. Podem acontecer imprevistos ou resultados diferentes para o dia tão aguardado. E, com isso, dúvidas, inquietações e até decepções não são raras quando se espera muito e a realidade se mostra diferente: você não ganhou aquele presente ou qualquer outro, aquela pessoa não te deu parabéns, poucas pessoas lembraram de ti, não houve sequer um bolinho de supermercado, os boletos continuaram a chegar, etc.

Existem aqueles que abominam esse dia por inúmeras razões, dentre elas a sensação de “ter menos tempo de vida” e de olhar para o passado com o sentimento de que tudo de bom se foi e que o futuro não será tão bom e nem tão longo. Preferem “desaparecer temporariamente” para não ter que lidar com possíveis frustrações. Ou simplesmente não veem motivo para comemorar por ser um dia como outro qualquer, sem grandes mudanças.

E temos aqueles que não se opõem a festejar seu aniversário, mas que privilegiam os “desaniversários” (que são todos os outros dias do ano). Pois entendem que receber felicitações somente no dia do seu aniversário soa como obrigação, algo não espontâneo, uma mera formalidade social. Acreditam que serem surpreendidos com elogios, mimos, carinhos, nos “desaniversários” impulsionam o seu viver.     

Esse neologismo começou a se popularizar ao ser criado por Lewis Carroll em seu famoso livro “Alice Através do Espelho”. Na história, a personagem Alice celebra seu “desaniversário” com a Rainha Vermelha, que propõe um brinde a “muitos felizes desaniversários!”. É uma celebração divertida e irreverente que vai além do tradicional aniversário. É uma oportunidade para celebrar a vida e a alegria de estar vivo todos os dias, não apenas em uma data específica.

É inegável que festejar a vida todos os dias e não somente em um dia é uma enorme vantagem numérica e proporciona ares de sinceridade que raramente são vivenciados nos aniversários convencionais.  Não é preciso esperar um dia do ano para: reunir amigos e familiares, fazer algo que você gosta, presentear-se, experimentar algo novo, refletir sobre a sua vida, agradecer por tudo que tem. Parece-nos evidente que tais práticas possam criar cenários positivos para: o fortalecimento de relacionamentos, a promoção da autoaceitação, a redução do estresse e pelo aumento da tão almejada felicidade.

A vida é uma dádiva divina e cada momento de respiração é um motivo para comemorar. Não deixe para amanhã a sua alegria de hoje. Feliz “desaniversários”!