sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

Construindo Conexões Significativas: Inteligências e Relações Interpessoais

Publicado em 19 de janeiro de 2024, às 14:28
Fonte: Cláudio Santos – Advogado, educador e comunicador.
Characters of people and their social network illustration. Imagem: FreePik Premium

Em tempos de pós-modernidade as relações humanas estão cada vez mais efêmeras e virtuais. Como as inteligências podem desenvolver a nossa sociabilidade e a socialização de conhecimentos? Quais são os tipos de inteligência? Qual(is) inteligência(s) pode(m) contribuir para a convivência social?

De acordo com o sociólogo polonês Zygmunt Bauman (2001), em sua obra “Modernidade Líquida”, estamos vivenciando ao mesmo tempo liberdade e insegurança: há predomínio de desapego, provisoriedade e rápido processo da individualização. Com isso, a sociedade está mudando de sólida para líquida. “Diz respeito a uma nova época em que as relações sociais, econômicas e de produção são frágeis, fugazes e maleáveis, como os líquidos.” (MUNDO EDUCAÇÃO, 2024)

A modernidade líquida (período iniciado após a Segunda Guerra Mundial) opõe-se à modernidade sólida (em que havia confiança na rigidez das instituições e na solidificação das relações humanas): a lógica do consumo invadiu a esfera pessoal causando fragilidade nos vínculos entre as pessoas e nas relações entre estas e as intituições. Há uma sobreposição das relações econômicas sobre as relações sociais e humanas. A título de exemplo, tem-se a banalização dos contatos pessoais (físicos) e dos relacionamentos (cada vez mas superficiais) que estão sendo substituídos pela internet, por aparelhos eletrônicos e pelas inteligências artificiais.

“Inteligência é um conjunto que forma todas as características intelectuais de um indivíduo, ou seja, a faculdade de conhecer, compreender, raciocinar, pensar e interpretar.”  (SIGNIFICADOS, 2024) É fundamental para que os “comandos” impostos pela modernidade líquida possam ser confrontados com a realidade dos indivíduos, dando-lhes oportunidades de escolher “livremente” o que lhes for mais benéfico nos planos pessoal, profissional e social. E, no aprimoramento de nossa sociabilidade e da socialização de conhecimentos, a capacidade humana de se adaptar a novas situações, compreender conceitos abstratos e manipular o próprio ambiente é imprescindível para que tais processos ocorram de modo consciente, consistente e com propósitos bem definidos.

Em outros termos, para que haja o aperfeiçoamento de nossa socialidade (característica de quem é sociável) e do processo contínuo de inserção, assimilação e adaptação do indivíduo a um grupo social (socialização),  a utilização frequente de um conjunto de oito processos mentais diferentes existentes dentro do cérebro humano (inteligência) é o que faz com que nos destaquemos em determinados campos ou áreas de atividade.

Segundo o psicólogo Howard Gardner (1983), a inteligência humana é como um quebra-cabeça composto por oito peças, tendo todas elas o mesmo valor e importância. “A teoria das múltiplas inteligências defende que o cérebro humano possui 8 (oito) tipos de inteligência. Porém cada indivíduo, na maioria dos casos, possui apenas uma ou duas inteligências desenvolvidas.” (UNIANDRADE, 2024) Por isso, não raro vemos desempenhos fantásticos de indivíduos em determinadas atividades (inteligência desenvolvida) e essas mesmas pessoas com dificuldades na realização de outras ações (inteligência não desenvolvida).

Para Gardner (1983), o tão aclamado teste de QI (Quociente de Inteligência) não era suficiente para medir a inteligência das pessoas. Indivíduos, por serem diferentes uns dos outros, possuem inteligências diversas.  Assim nasceu a Teoria das Inteligências Múltiplas apresentando oito tipos de inteligências: a) Lógico-matemática (voltada para toda atividade que precise do uso da razão) ; b) Linguística (facilidade em comunicar-se); c) Corporal (grande capacidade de expressão em esportes e atividades artísticas); d) Naturalista (habilidade em analisar e compreender os fenômenos da natureza); e) Intrapessoal (bom autoconhecimento); f) Interpessoal (aptidão para relacionar-se com outros); g) Espacial (perícia em relação à disposição, movimentos e posicionamentos de objetos) e h) Musical (propensão a interpretar e produzir sons com instrumentos musicais).

Outro psicólogo que também entendeu que para o sucesso na vida não basta o QI foi Daniel Goleman. Graças a seus estudos surgiu na década de 1990 a ideia de inteligência emocional (capacidade de compreender e gerenciar as próprias emoções, bem como as emoções dos outros). “Goleman identificou cinco componentes principais da inteligência emocional: autoconhecimento emocional, autorregulação emocional, automotivação, empatia e habilidades sociais. Esses componentes têm influências diversas, incluindo a genética, experiências de vida e educação.” (AWARI, 2023)

Relacionando-se essas inteligências múltiplas com a possibilidade de auxiliarem na coexistência pacífica e harmoniosa de grupos humanos em uma mesma circunscrição territorial entende-se que todas podem ter sua parcela de contribuição. Porém, a que melhor se adequa ao favorecimento de relações humanas saudáveis é a inteligência interpessoal. “A inteligência interpessoal é a capacidade de entender e reagir corretamente em face de desejos, humores, temperamentos, ideias, valores, interesses e motivações de outras pessoas.” (BRASILESCOLA, 2024) Esta afeta a capacidade dos indivíduos de se comunicar, entender e se relacionar com os outros. Indivíduos com inteligência interpessoal mais desenvolvida são geralmente melhores em formar relacionamentos fortes e positivos.

Tais habilidades comportamentais (soft skills) são competências subjetivas necessárias e muito apreciadas nos mais variados meios sociais porque permitem: melhor comunicação, mais atenção ao outro,  empatia, reciprocidade, prevenção e resolução de conflitos, trabalho em equipe, etc. A inteligência interpessoal é protagonista na construção de laços expressivos e autênticos. Além de ser uma habilidade social, é uma competência essencial para a evolução individual e coletiva.

Ao investir no desenvolvimento dessa forma de inteligência, não apenas fortalecemos as relações ao nosso redor, mas também contribuímos para a construção de uma sociedade mais compreensiva, colaborativa e resiliente. A verdadeira maestria da inteligência se revela não apenas na solução de problemas abstratos, mas na capacidade de nutrir e sustentar as conexões humanas que dão cor e significado à nossa jornada.

Nesse sentido, para o estabelecimento de elos pessoais e profissionais reais, bem-sucedidos e duradouros (conexões humanas significativas), o conjunto das oito inteligências e os elementos essenciais da inteligência emocional devem ser explorados, estimulados e realizados constantemente. Priorizando-se a inteligência interpessoal e suas incontáveis possibilidades de realização humana.

Uma resposta

  1. Dr. Cláudio Santos, meus parabéns.
    Fico impressionada com a sua maestria no tratar com as palavras e a escrita.

    Rendo- lhe todos os meus aplausos.

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