O professor Joaquim de Oliveira Gomes é o que se pode dizer de um intelectual que conhece a teoria e a prática da arte literária. Formado em Letras, com mestrado em Teoria Literária pela Unesp, ele enveredou pelo fazer literário, para praticar a tessitura do texto ficcional. Desta lavra, já surgiram dois livros: um infantil (O Jabuti que falava inglês) e outro infantojuvenil (O jabuti internauta). E mais dois estão na fila para publicação. Nesta entrevista, ele fala um pouco da sua trajetória, pessoal, intelectual e cultural, como membro do Instituto Histórico e Geográfico de Viana, do qual é um dos fundadores. Joaquim Gomes também vai compor o time de colunistas do site Região Tocantina, a partir de junho. Vale a leitura.
Região Tocantina – Qual a sua trajetória intelectual?
Joaquim Gomes – Nasci na cidade de Viana, região da baixada maranhense. Fiz a primeira e segunda etapas do ensino educacional nas escolas vianenses. Depois, fui morar em São Luís e cursei Letras, na Universidade Federal do Maranhão-UFMA. Em seguida, fui aprovado no Projeto Prata da Casa – Programa de Qualificação da UFMA e fui fazer o mestrado em Teoria Literária, no Campus da UNESP, em São José do Rio Preto, estado de São Paulo. Sou especialista em Novas Tecnologias e Educação a Distância, pela LABORO. Atualmente, estou concluindo uma especialização em Língua Portuguesa: Práticas de Ensino de Leitura e de Produção de Texto, pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG.
Região Tocantina – Como a literatura infantil aconteceu para você?
Joaquim Gomes – Bom, desde pequeno tive um ambiente familiar propício para engajamento no mundo das obras literárias. Quando criança, iniciei com os clássicos da literatura infantil/infantojuvenil, por meio dos livros que meus pais compravam e, também, ouvindo o rádio, o programa da Dona Carochinha. Já adulto, ingressei no curso de Letras da Universidade Federal do Maranhão e pude conhecer o texto literário por dentro, a sua carpintaria, o que significou a ampliação do meu olhar e das perspectivas leitoras. Ou seja, juntou o lado prazeroso com o conhecimento sobre as muitas formas de sua investigação, criação e filiação.
Região Tocantina – Que características você acredita que um autor de livros infantis deve ter?
Joaquim Gomes – Creio que a escrita não deve ser pensada de forma distinta, embora o gênero escolhido conduza o autor na construção do tecido literário. Mas, de qualquer forma, é preciso ter um olhar atento, que seja capaz de enxergar nos detalhes, por exemplo, a grandeza de uma narrativa literária, sem querer pensar só em castelos, reis, fadas ou algo assim, mas que possa se encontrar em sintonia com a vida, com a matéria da vida, mesmo sabendo que será ficcionalizada. Um pássaro, um gesto, uma palavra, uma situação, um desejo, um barquinho, um jabuti etc são portas para o lúdico, para a criação poética.
Região Tocantina – Você também é um dos fundadores do Instituto Histórico e Geográfico de Viana (IHGV). Qual é a formação e qual será o papel desta entidade?
Joaquim Gomes – O Instituto Histórico e Geográfico de Viana (IHGV) foi fundado recentemente, no dia 29 de abril do corrente ano. Tem em seu quadro de sócios-fundadores historiadores, geógrafos, professores, advogados, agrônomo e outros profissionais, que têm como finalidade estatutária a defesa e o desenvolvimento científico, cultural, histórico e ambiental da cidade de Viana. Assim, a cidade ganha mais um braço na defesa da história, da geografia, do meio ambiente, da língua, dos costumes e da cultura vianense. É um trabalho que exige tempo para conhecimentos para se fazer o registro/resgate da cidade.
Região Tocantina – Percebe-se, nos últimos tempos, o crescimento de academias de letras e institutos históricos. A que você atribui esta expansão?
Joaquim Gomes – Vivemos num mundo globalizado, com a presença da tecnologia na vida de todos e a participação, em tempo real, dos acontecimentos. Assim, foi possível se estabelecer um contato mais próximo com as instituições e entidades ligadas à cultura. Com isso, o movimento de crescimento e revitalização das Academias de Letras no Estado se fortaleceu, além de ter sido impulsionado por um amplo parque de editoras e pelas leis de incentivo à cultura, que deram visibilidade aos autores maranhenses e suas obras. A Federação das Academias Maranhenses – FALMA e a livraria e editora AMEI contribuem de forma significativa para essa sinergia, potencializando a literatura da terra, com seus enredos.
Região Tocantina – Quais os seus próximos projetos na literatura?
Joaquim Gomes – Apesar de só ter publicado dois livros, na área da literatura infantil e infantojuvenil, estou com um livro de poesias e outro de prosa em fase de encaminhamento para publicação. O primeiro, de poesias, traz o tema do amor e seus desdobramentos, com uma linguagem simples e mais realista. Já o segundo, reúne poesia e prosa, com temas de fatos reais e fictícios, em que posso explorar a sua possibilidade de construção e alargar o pensamento sobre a experiência da vida.