(Edmilson Sanches – Escritor, palestrante, historiador, membro fundador da Academia Imperatrizense de Letras e de diversas outras agremiações literárias e culturais)
Há 173 anos, em 1849, o militar, jornalista (“pai da Imprensa Catarinense”) e engenheiro Jerônimo Francisco Coelho, conselheiro do Imperador Dom Pedro 2º e presidente da província do Grão-Pará, recebeu ordem do Império para estabelecer um presídio militar no rio Tocantins. O objetivo era o de auxiliar a navegação e as comunicações comerciais com Goiás, a província limítrofe.
Por sua conta, Jerônimo Coelho ampliou a ordem imperial e decidiu que, mais do que um presídio, deveria haver uma colônia militar e uma missão, constituindo, pois, uma povoação, que passaria a ser ponto de apoio a viajantes e “estação e ponto de partida” para explorações e obras.
No dia 26 de junho daquele ano, a expedição com 92 pessoas e 11 embarcações subiu o Tocantins. Entre os expedicionários, um tenente, um capitão, um cientista e o frei Manoel Procópio do Coração de Maria. Em tentativas diversas, pararam em diversos pontos e buscaram instalar a colônia. De alguns índios, sofreram ataques; de outros, ficaram amigos. Da natureza vieram enchentes e doenças. Estava difícil estabelecer uma colônia.
Três anos depois, em 1852, frei Manoel Procópio mais dois colonos (Juvenal Simões de Abreu e Zacarias Fernandes da Silva, e suas famílias) e quatro “praças” (guardas) estavam acampados na foz do riacho Cacau. Era o mês de julho, época das praias fluviais. Depois de procurar um local mais adequado, o frei resolveu se fixar no espaço da hoje Praça da Meteorologia Antônio Régis de Albuquerque. Uma igreja e casas rudimentares foram construídas.
Era o dia 16 de julho de 1852. Estava fundada a povoação de Santa Teresa — que acreditavam estar em terras do Pará.
O nome foi uma homenagem a Teresa d’Ávila, santa da qual o frei Manoel Procópio era devoto. Depois a povoação mudou de nome, para Imperatriz, em homenagem à mulher do imperador Dom Pedro 2º, Teresa Cristina.
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16 INFORMAÇÕES RÁPIDAS E IMPORTANTES
1 – A Imperatriz Teresa Cristina, que deu nome a Imperatriz, doou peças de pesos e medidas para nossa cidade. As peças são provavelmente os bens históricos mais representativos a que o município tem direito. Entretanto, muitas dessas peças foram doadas indevidamente a um museu de São Luís.
2 – Em 27 de agosto de 1856, Imperatriz deixou de ser apenas uma povoação e foi elevada à categoria de Vila. Quem assinou a lei foi o presidente da Assembleia Legislativa da época, Manoel Gomes da Silva Belfort, o Barão de Coroatá.
3 – Em 22 de abril de 1924, Imperatriz ganhou a condição de cidade. A lei foi assinada pelo presidente da província do Maranhão, Godofredo Viana. “Presidente da província” era o título hoje substituído por “governador do estado”.
4 – Até 1960 Imperatriz tinha menos de 6 mil habitantes. Com o início da construção da rodovia Belém—Brasília muita gente veio para cá. Pessoas de todas as regiões do Brasil e também dos diversos continentes do mundo. Em 2021, a população, segundo o IBGE, era de 259.980 habitantes.
5 – Oficialmente, o território de Imperatriz veio do município de Grajaú; Grajaú veio de Pastos Bons; e Pastos Bons veio de Caxias.
6 – Em 2002, Imperatriz esteve entre as 24 melhores cidades do Brasil para se fazer carreira profissional. A pesquisa foi feita pela Fundação Getúlio Vargas, em parceria com a Editora Abril, de São Paulo.
7 – Imperatriz é chamada de “CIDADE ESPERANÇA” pelos evangélicos. O título foi dado em 1954 pelo pastor Luiz de França Moreira, da Assembleia de Deus.
8 – Imperatriz é chamada de “CAPITAL BRASILEIRA DA ENERGIA”, em razão da subestação da Eletronorte (Lagoa Verde), que interliga o país inteiro através da linha de transmissão Norte—Sul. O título foi dado pela própria Eletronorte, em 1997, por meio de publicidade em publicações de circulação nacional.
9 – Imperatriz é chamada de “METRÓPOLE DA INTEGRAÇÃO NACIONAL”, pela existência de vários modais (meios) de transporte no município: rodoviário, ferroviário, hidroviário e aeroviário. O título foi dado pelo ex-ministro do Planejamento e doutor em Economia Antônio Kandir, em 1999.
10 – Imperatriz é chamada de “PORTAL DA AMAZÔNIA”, por estar situada exatamente onde terminava a mata de cerrado e começava a floresta amazônica. O título foi dado pelo advogado maranhense Agostinho Soares Noleto, em 1972.
11 – Imperatriz é chamada de “CAPITAL NORTE—NORDESTE DO AUTOMOBILISMO”, por ter kartódromo e realizar vários eventos de importância regional e nacional nessa modalidade de esporte. O título vem desde 2001 e é confirmado pelo presidente da Federação Maranhense de Automobilismo, Giovanni Guerra, atualmente presidente da Confederação Brasileira de Automobilismo.
12– Imperatriz é considerada “PÓLO NACIONAL DE XADREZ”, em razão de a cidade ter sido a sede da 6ª etapa do campeonato Aberto do Brasil de Xadrez. O título foi dado pelo presidente da Confederação Brasileira de Xadrez, Darcy Machado Lima, em junho de 2002.
13 – Imperatriz é a CIDADE-SEDE DO MAIOR TEMPLO EVANGÉLICO DA AMÉRICA LATINA — o templo central da Assembleia de Deus, com 6 mil metros quadrados de área total. Esse reconhecimento veio do presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil, pastor José Wellington, em 1999.
14 – Imperatriz é chamada de “PRINCESA DO TOCANTINS”, por ser a principal cidade da região. O título pertencia a Carolina, que era o município mais importante até a década de 1950. Com a BR Belém—Brasília, o crescimento econômico e o título transferiram-se para cá.
15 – Imperatriz é também nome de uma das flores mais raras do Brasil. Essa flor, cujo nome científico é “Worsleya rayneri”, já foi estudada em diversos países da Europa. A flor tem outros nomes: imperatriz-do-brasil, flor-da-imperatriz, imperador e amarílis-azul, entre outros. Sua primeira descrição foi feita em 1863, na Bélgica, país para onde um cientista a tinha levado.
16 – Imperatriz também é nome da maior mariposa do mundo, cujo nome científico é “Thisanya agrippina”. Chega a medir cerca de 30 centímetros, é rara e cara, considerada por especialistas o maior inseto vivo do mundo. (EDMILSON SANCHES)
2 respostas
Edmilson Sanches é mais que um escritor, conectado com sua terra e com o mundo. E sempre nos traz informações histórico-culturais que nos enchem os olhos e fazem bater mais forte nosso coração. Caxiense de nascimento, mas acho que se coração bate mais forte por Imperatriz. Parabéns, Imperatriz! Parabéns, Maranhão! Parabéns, Edmilson Sanches.
Um belíssimo relato histórico sobre nossa maravilhosa Imperatriz do Sul do Maranhão!