quinta-feira, 28 de março de 2024

A ARTE E A VIDA DE MIGUEL VEIGA

Publicado em 7 de julho de 2022, às 17:52
Foto fornecida pela autora.

(Linda Barros – Professora e atriz. Membro da Academia Poética Brasileira.)

Quando se fala e pensa em arte, em representatividade, a primeira coisa que vem à mente é teatro.

O teatro não e nem nunca será uma arte menor ou a menor das representações artísticas, como pensam alguns. Ele é, sim, a maior de todas as artes. O teatro surgiu a partir do cotidiano do ser humano, através das suas necessidades. Há muitos e muitos séculos essas necessidades são visíveis ao ser humano, e, a partir daí, o homem criou e recriou histórias que foram adaptadas para o teatro.

Mas o teatro não está nos grandes palcos dos grandes ou pequenos teatros, está também nas ruas, nas calçadas, nos muros, nas fachadas, e onde mais for possível usar a criatividade e a imaginação para contar e representar fatos, reais ou fictícios.

Em nossa cidade, é possível observar a arte representada em forma de alegorias que enfeitam nossas praças, nossas ruas com enormes máscaras representando diversas épocas. O responsável por tais alegorias é um dos artistas mais importantes, uma das figuras mais simbólicas dessa arte suspensa. Seu nome é Miguel Veiga.

Miguel Veiga é licenciado em Desenho e Artes Plásticas, é ator, especialista em educação Artística pela Universidade Federal do Maranhão, é também mestre em Pedagogia Profissional pelo IFMA e doutor Ciências da Educação. Além de dedicar às esculturas, Miguel Veiga também desenvolve em sua carreira profissional a pintura e o desenho, além de performances, intervenções e instalações cenográficas.

Miguel Veiga é dono de uma criatividade ímpar, é um artista que já tem uma longa jornada nas artes plásticas maranhenses, o artista já chega à casa de quatro décadas, em carreira bem consolidada e respeitada por todos da área das artes. Como ele mesmo disse certa vez, ele se considera “um artista sobrevivente”, pois não é fácil viver de arte no Maranhão. Miguel Veiga é bem antenado com seu tempo, pois está sempre adequado às tendências. O artesão não é só um pintor ou desenhista, mas usa sua arte nas mais diversas modalidades, como teatro, nas manifestações carnavalescas, com suas grandes e deslumbrantes máscaras que enfeitam as principais ruas da capital nas épocas de Carnaval e São João. Para ele, o fazer artístico deve atender não só ao mercado, mas também à sua própria sobrevivência.

Vez ou outra Miguel Veiga se lança como poeta, com texto que faz ecoar na multidão as mazelas da vida e da sociedade, como nesse (bem) recente poema, que está muito bem concatenado com as belezas e também as feiúras do nosso cotidiano:

OURO FÉTIDO

O lúmen cósmico

A lama podre exala

O excremento  humano

O lúmen em apoteose

Atenua a podridão

Humana!

A lama da serpente

Exala nas entranhas

Dos contrastes

De egos…

Miguel Veiga começou sua carreira artística há aproximadamente quatro décadas, no Laborarte – Laboratório de Expressões Artísticas, atendendo ao pedido de um amigo, a partir daí não parou de produzir e confeccionar sua arte.

Um dos trabalhos bem recentes do artista plásticos foi a exposição “Corpo Quântico De Unicidade”,   em que exalta o próprio corpo em mostra de esculturas.

Miguel esteve recentemente com a instalação FLORES de OBALUAIÊ em cartaz no Centro Cultural do Ministério Público. A exposição é inspirada no mito Yorubá de Abalauiê e é composta por dezenove obras, divididas em dois ambientes. Pode-se dizer também que essa instalação é um grito de socorro contra a violência sofrida pela população LGBTQIA+ e outras minorias, que sofrem todos os dias todo tipo de violência, inclusive e principalmente, pela não aceitação ou por não corresponderem aos padrões sociais. Essa instalação ficou aberta ao público até 1º de julho, onde por ali passaram dezenas de pessoas que puderam fazer um passeio pelo universo lgbtqia+ em visitas guiadas e assistidas pelo próprio Miguel Veiga.

Miguel Veiga é considerado o mago na arte de representar as diversas manifestações culturais. Seus trabalhos sempre trazem reflexões para, a partir daí, provocar  transformações na realidade social. Suas manifestações culturais podem ser vistas e admiradas nos espaços públicos, galerias e até mesmo em fachadas monumentais que adornam nossa cidade durante os períodos junino e carnavalesco.

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