sexta-feira, 29 de março de 2024

Coluna Luna Solis 05 – Personagens secundários: muito mais do que só acessórios de cena

Publicado em 29 de outubro de 2021, às 18:52

Muitas vezes, o que faz uma boa história chamar a atenção do leitor é ter um protagonista cativante e convincente de suas ações, que recebe o chamado à aventura como um convite para novas oportunidades e experiências únicas. É claro que o ultimato do chamado “incidente incitante”, que faz a narrativa deslanchar de fato parte do protagonista e é ele quem vai guiar os acontecimentos com base nas suas decisões pelo caminho. Porém, nem sempre ele está sozinho nessa jornada e conta com a ajuda de demais personagens que o auxiliam neste processo – personagens esses que, muitas vezes, acabam conquistando o coração de muitos leitores e, em alguns casos, até mais do que o próprio protagonista.

Não é por serem personagens secundários que eles precisam ser sem graça ou não terem histórias próprias. Na verdade, um bom personagem secundário é aquele que tem seu próprio brilho, possui um bom background e que chama a atenção do leitor. Quem é ele? Qual a história dele? Sua história merece ser contada?

Muitas vezes, há personagens secundários que roubam a cena e que acabam despertando a atenção dos leitores que desejam vê-los em suas próprias histórias solos. Às vezes, seus pedidos são atendidos e muitos deles acabam ganhando seus spin-off, enquanto outros acabam apenas ganhando mais destaque conforme a narrativa vai se estendendo por terem ganhado a simpatia do público.

É claro que quando falamos em personagens que “roubam a cena” logo pensamos nos “anti-heróis” e não sem motivo. Afinal, esse tipo de personagem costuma quebrar a monotonia das cenas com suas frases sarcásticas, suas entradas e saídas dramáticas ou misteriosas, e principalmente o enigma que frequentemente o cerca: ele é o mocinho ou o vilão? Ou ambos?

Mas, não só de “anti-heróis” se têm bons personagens secundários! Um personagem misterioso com um passado trágico, a melhor amiga auspiciosa e aventureira, o amigo leal que não tem medo de dizer certas verdades, a patricinha com vida de princesa, o cavaleiro de armadura reluzente que está lá a todo momento, etc. Todos eles precisam ter uma história que o sustente na narrativa e que faça com que sua presença na trama não passe de mera casualidade ou por necessidade do protagonista.

Em “Acotar”, uma das sagas de fantasia mais famosas da atualidade, temos alguns personagens que se destacam por terem um passado e terem conquistado o carisma dos leitores e, para alguns, até mais do que o casal protagonista Feyre e Rhysand, como é o caso de Cassian. O feérico é o melhor amigo e general dos exércitos de Rhysand  e cresceu em meio à guerra, sendo obrigado a lidar com o abandono e o preconceito ainda na infância por ser um bastardo. Ambos se aproximaram ainda crianças também de Azriel (outro personagem queridinho dos fãs) e o trio acabou formando uma forte aliança que foi além de uma amizade comum. Cassian é descrito com uma aparência masculina forte e robusta, características que contrastam com seu jeito brincalhão e desengonçado. A fama do personagem acabou sendo tanta, que a autora Sarah J. Maas decidiu escrever um quarto livro da saga (“Corte de Chamas Prateadas”), só que dessa vez trazendo Cassian como o protagonista, focando na sua relação com sua amada Nesta.

Não somente de tramas políticas vive o enredo da trilogia de “O Povo do Ar”, de Holly Black. Em meio à um estopim de guerra pela coroa das fadas, o personagem Barata é um dos primeiros a tratar a protagonista Jude de um jeito mais educado. Logo após o assassinato do príncipe Dain, é ele quem é colocado para “tomar conta” de Cardan (que estava sendo caçado pelo irmão), um dos primeiros passos que foi fundamental para a construção de uma amizade entre os dois. Barata trabalhava diretamente a serviço do príncipe Dain e precisou se aproximar de Cardan e Jude a fim de se adaptar à uma nova realidade. Suas interações com a protagonista no mundo mortal e também seu interesse amoroso na personagem Bomba renderam um pouco do favoritismo por parte dos fãs.

Na série de livros de “A Maldição do Tigre”, de Colleen Houck, o Sr.Kadam é um personagem fundamental dentro da trama. É ele quem apresenta a protagonista Kelsey à maldição dos tigres imposta aos irmãos príncipes Ren e Kishan, mas não sem antes arquitetar todo um plano para que ela praticamente se voluntariasse para ir até a Índia sem nem mesmo notar e só então revelar o motivo. Com o tempo, Kelsey forma uma relação bonita com ele, quase de pai e filha, e conhece a sua história e como ele praticamente sacrificou tudo para cuidar e proteger os irmãos como se fossem seus próprios filhos, cuidando de toda a fortuna deles sem qualquer ambição ou propósito que não fosse devolver a vida deles assim que a maldição fosse quebrada, algo que ele buscou por muito tempo sem perder as esperanças e desistir. Mesmo assim, após conseguir o carisma dos leitores, Colleen reservou um destino cruel para o personagem, com uma triste surpresa no quarto livro, “O Destino do Tigre”, algo que muitos fãs não superam até hoje.

Harry Potter é uma trama carregada de personagens secundários que se destacam em cena, desde os melhores amigos do protagonista: Rony Weasley e Hermione Granger, até personagens adultos como Sirius Black, Minerva McGonagall e Severo Snape. Mas um personagem que certamente se destaca em qualquer cena em que está presente e que de longe é um dos personagens mais intrigantes, misteriosos e amados da série é: Alvo Dumbledore. Ao longo dos livros, temos poucos vislumbres de seu passado. Sabemos que foi um prodígio em seus tempos de escola, que fez parceria em alquimia com o imortal Nicolas Flammel, descobriu os 12 usos para sangue de dragão , foi responsável por ter elaborado leis da magia, criou e liderou a Ordem da Fênix durante a primeira ascensão de Voldemort, mas de longe o fato mais surpreendente sobre ele é seu famoso duelo com o bruxo das trevas Gellert Grindelwald, que foi abordado mais extensamente no sétimo livro “As Relíquias da Morte”, quando a jornalista Rita Skeeter resolve publicar sua biografia: “A vida e as mentiras de Alvo Dumbledore”. A duvidosa ética da jornalista nos faz questionar o quanto desse passado é verdade, mas não precisaremos esperar mais para saber tais respostas, já que o antigo diretor de Hogwarts terá sua vida abordada na nova franquia de filmes: “Animais Fantásticos”.

Outra saga de livros com personagens secundários que chamam a atenção dos leitores é “Jogos Vorazes”. Entre os mais amados estão Finnick Odair, Johanna Mason e Haymitch Abernathy, os antigos vencedores dos jogos. Quando a autora Suzanne Collins anunciou que estava escrevendo sobre o universo de “Jogos Vorazes” novamente, muitos especularam que ela traria como cenário a arena de um dos Jogos Vorazes do passado, abordando a vida de um dos antigos vencedores. A revelação de que o personagem escolhido como centro da nova franquia seria o antagonista Presidente Snow e a trama seria a sua ascensão ao poder, foi recebida com certa consternação dos fãs que gostariam de saber mais sobre os jogos antecessores e desejavam ler mais sobre os outros vencedores. Como resultado, “A Cantiga dos Pássaros e da Serpente” chegou às prateleiras com críticas mistas tanto de profissionais como de fãs.

Se tem um personagem que gosta de roubar a cena e ter todos os holofotes apontados para ele é Apolo, o deus do Sol, e isso por si só já é o suficiente para encher o ego dele, quem iria contradizê-lo de que o mundo não gira ao seu redor? Não obstante, ele é ainda o deus das Artes, então dramaticidade é outra característica que não lhe faltará. Mas você acha que é só isso? Não, ele é também o deus da beleza e da perfeição. Ele é por definição o centro das atenções em qualquer lugar que ele vá e na obra de Rick Riordan não é diferente. Apolo rouba a cena em todas as suas aparições ao longo das sagas “Os Olimpianos” e “Os Heróis do Olimpo” até finalmente ganhar sua própria saga: “As Provações de Apolo”, em que o deus agora “humanizado” – em todos os aspectos da palavra – precisa conquistar a confiança do Olimpo para poder voltar a vida glamurosa como imortal. 

Personagens secundários não podem ser desprovidos de sua própria história, eles precisam ter backgrounds, seu passado e suas motivações devem ser exploradas, pois eles precisam ser mais que apenas acessórios de cena, mais do que um “chaveirinho” do protagonista. Eles não podem existir apenas por existir.

Personagens secundários de destaque de “Território de Fúria”:

Por: Artemisa Lopes

Após ser praticamente obrigada a se envolver na investigação do assassinato de um espião mentalista que salvou sua vida, Valerie precisa lidar com a convivência conturbada com alguns deles. Assim que é chamada para um interrogatório, uma das primeiras personagens com as quais ela interage é Lissa. À princípio, as duas trocam algumas farpas e Lissa se mostra bastante arrogante com a protagonista, um comportamento o qual ela percebe que parece ir além de mero desprezo de um mentalista por um humano. 

Só então algum tempo depois, quando Valerie se aproxima mais de Roman e consequentemente de Lissa, é que ela conhece um pouco do seu passado. Lissa nasceu na família Leurox, um clã extremamente poderoso e respeitado dentro da comunidade mentalista, com ideais simpatizantes a favor da escravidão dos humanos, os quais ela sempre foi abertamente contra. Tudo acabou piorando quando ela se apaixonou por um humano, sendo obrigada a abandoná-lo para protegê-lo. Lissa acabou sendo presa após se infiltrar dentro de um grupo de Visionários (um grupo de mentalistas extremistas radicais) e logo se torna uma personagem essencial para ajudar a descobrir qual o envolvimento deles na morte do espião de Cade, não somente pelo que ela sabe, mas também por causa dos poderes de ilusão herdados de seu clã. 

Ainda dentro do grupo que cerca o personagem Roman, Caleb, assim como Lissa, possui uma história trágica. O personagem demora um pouco a interagir com a protagonista e seu jeito reservado de ser condiz com seu passado. Ele só ganha os holofotes a partir do momento que ele se torna alvo e é atacado pelo assassino do espião de Cade. Sem entender a razão por trás do ataque, Roman exige que o caso seja levado mais a sério, temendo pela vida do amigo. A amizade dos dois nunca foi vista com bons olhos, principalmente por parte do clã de Roman. Caleb então revela que o assassino possivelmente veio atrás dele por ele ser um mestiço (filho de mãe mentalista e pai humano). Ele foi criado por sua mãe após seu pai não se adaptar ao mundo mentalista e desde então ele nutre um profundo rancor de seu lado humano, muitas vezes ignorando o fato de que ele é mestiço. Por comandar um cassino de fama duvidosa, a rebeldia de Caleb fez com que ele se aproximasse do herdeiro do clã Huxley e ambos construíram uma amizade profunda, que se vê ameaçada pelo preconceito e por um assassino sádico que passar a enxergar mestiços como ele como uma ameaça a ser exterminada.

Quer saber mais sobre “Território de Fúria”? O link da história está logo abaixo: 

https://www.wattpad.com/myworks/275497497-territ%C3%B3rio-de-f%C3%BAria

Personagens secundários de destaque em “A Piromante de Lumiére” e “Pyles Tou Chrónous”:

Por: Laura Zacca

Dois personagens com um passado misterioso e que chamam a atenção quando entram em cena é Ryan Midnight e Kieran Shadoworld. Em um primeiro momento Ryan aparece como um dos capangas da liga de caçadores, conhecidos como Legionários, que estão atrás de Kimberly Cassidy, mas já no início fica nítido que ele é bem mais do que parece, já que se mostra pouco à vontade em seguir as regras de seu dito “líder”.

Ao decorrer do livro “A Piromante de Lumiére” vamos descobrindo que o trabalho de Ryan com os Legionários não passa de uma fachada e que seu verdadeiro mestre é ninguém mais do que o próprio Imperador do Inferno: Lorde Hades. Em um capítulo dedicado especialmente a um flashback sobre o passado do personagem descobrimos que o Legionário é, na verdade, um semideus filho de Lady Nyx, a Deusa Primordial da Noite e da Magia, e que o mesmo se tornou prisioneiro de Hades após ser Julgado ainda em vida por ter quebrado a Fronteira da Vida e da Morte, ao criar uma nova raça de vampiros. Após o Julgamento, Ryan passou 700 anos de sua vida, agora imortal, a trabalho do Deus dos Mortos, viajando entre dimensões mágicas em busca de conhecimento. O que nos deixa curiosos sobre sua vida como viajante e como um feiticeiro que estudou nas mais diversas escolas de magia por todos os universos. Ryan pode não ser o feiticeiro mais poderoso no quesito força mágica, mas certamente é o que possui maior gama de conhecimentos mágicos em toda Priamus, superando deuses da magia como sua mãe, Hécate, Ártemis, Circe, Calipso e outros. Esse feiticeiro ainda tem muita história pra contar!

Outro personagem com passado misterioso é Kieran Shadoworld, que logo em sua primeira aparição se mostra um personagem arrogante e que por algum motivo despreza a palavra “mestiço”, embora logo fique claro que ele também é um mestiço, sendo um híbrido de deus e elfo. Em sua primeira interação com a personagem principal, Kimberly Cassidy, descobrimos que o meio-elfo é filho de Lorde Hades e com o prosseguir da narrativa quando o mesmo interage com Demétrius Argent, em uma cena pra lá de suspeita, é revelado que embora um filho ilegítimo fora do casamento, Kieran não é apenas tratado como Príncipe do Inferno, como também é o herdeiro do Trono Infernal. O que logo levanta a questão: se Lorde Hades e Lady Perséfone possuem uma filha legítima dentro do casamento, Macária, a Deusa da Boa Morte, por que diabos Kieran é o herdeiro? Outras questões levantadas sobre os mistérios que cercam o personagem é o fato dele ter sido por muito tempo o único Agente do Inferno oficial, se a equipe está efetivada a tanto tempo, por que ele era o único oficial, por que ainda há vagas nesse time?

Tanto Ryan como Kieran, são personagens que levantam muitas perguntas aos leitores e seus passados são de crucial importância para o enredo, pois suas motivações se convergem para a questão central de “A Piromante de Lumiére” ao ponto de suas tramas ganharem vida na série de histórias intitulada “As Crônicas do Submundo” (ainda em produção), onde ambos deixam de serem personagens secundários para serem personagens centrais na narrativa.

Outro personagem que ganha protagonismo em “As Crônicas do Submundo”, é Sirius, apresentado inicialmente como um personagem de suporte na trama de “Pyles Tou Chrónous”. Sirius é um personagem que já estreia num papel de grande importância na trama, pois ele é ninguém mais e ninguém menos que o próprio Cérberus da mitologia grega, o imenso cão espectral tricéfalo que guarda os Portões do Inferno. E obviamente o que mais chama atenção nele é que esse personagem tão conhecido na mitologia grega, na narrativa de “Pyles Tou Chrónous” e em “As Crônicas do Submundo”, esse personagem ganha pela primeira vez forma e consciência humana e, portanto, temos acesso a seus pensamentos, suas vontades e a sua própria voz! Sendo dessa vez retratado mais do que apenas o cão de guarda do Submundo ou o “cão de estimação de Hades”. Aqui Cérberus é um poderoso guerreiro que está aprendendo e se adaptando à vida humana. O primeiro sinal disso é o nome adotado por ele assim que ganhou forma humana: Sirius, em homenagem ao seu irmão Ortros que ascendeu aos céus como a estrela mais brilhante do céu noturno, localizada na Constelação de Cão Maior.

Quer saber mais sobre essas histórias? Os links estão logo abaixo:

Link de “A Piromante de Lumiére”: 

https://www.spiritfanfiction.com/historia/a-piromante-de-lumiere-5829691

Link de “Pyles Tou Chrónous”:

https://www.spiritfanfiction.com/historia/by–pyles-tou-chronous-5689802

Dicas para escrever personagens secundários:

  • Dê uma história para seu personagem! Não precisa ser algo elaborado a princípio (caso queira se aprofundar nele, você poderá fazer isso posteriormente). Não use o personagem apenas como apoio do protagonista.
  • Faça com que ele seja fundamental na trama também! Se ele existe, é porque ele tem uma função. Que tipo de papel ele exercerá?
  • Quem disse que ele não pode se tornar um protagonista futuramente? Quando bem aproveitado e aprofundado, um bom personagem secundário pode render uma história tão boa quanto a original.
  • Os estereótipos ficaram no passado! Fuja do “melhor amigo gay”, “a melhor amiga negra”, “a patricinha” ou o “ajudante”. Tá, eles podem ter essas características, mas se pergunte: e além disso?
  • Personagens secundários podem ajudar a enriquecer uma história. Pense em como o passado deles pode se encaixar com a trama principal.

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