Muitos brasileiros têm o sonho de abrir o próprio negócio. Segundo dados do Ministério da Economia, em 2020, o Brasil possuía 19.907.733 de empresas abertas. E mesmo em meio à pandemia de Covid-19, o balanço de empresas abertas em 2020 foi positivo: no ano passado, 3.359.750 de empreendedores deixaram de ser empregados e viraram patrões. Contudo, no mesmo período, foram fechadas 1.044.696 empresas, o que deixou um saldo positivo de 2,3 milhões de empreendimentos.
Mas depois da decisão de virar um empreendedor, o caminho até a abertura da empresa é longo. O futuro empresário precisa tomar alguns cuidados para não cair na estatística: no Brasil, o tempo médio de vida de uma empresa é de 10 anos, e 1 em cada 5 delas fecham ainda no primeiro ano de funcionamento.
E para que os empreendedores obtenham sucesso nesta jornada, o administrador e coordenador do curso de Administração da faculdade Pitágoras, Kennedy Veloso, destaca alguns pontos para quem quer seguir este caminho. “Todo negócio para fazer sentido e se manter existindo, precisa satisfazer alguma necessidade do mercado, não adianta a melhor estrutura física, financeira, ou de capital humano, se não estiver satisfazendo uma necessidade específica do mercado. Então o empreendedor precisa antes de qualquer coisa, a enxergar essas lacunas e tentar preenchê-las, identificar necessidades é o grande segredo do empreendedorismo”, pontua.
O especialista ressalta quando o empreendedor não encontrar lacunas no mercado, ele precisa cria-las, por meio de diversificação e agregação de valor ao seu produto ou serviço, tornando-se assim diferente da concorrência, e gerando desejo nos seus clientes em potencial.
Após abrir o empreendimento, o desafio é se manter no mercado. Para isso, o professor orienta que para manter o sucesso organizacional existem mecanismos que se aplicado de maneira correta, colaboram para a manutenção de um negócio. O primeiro e mais básico é ter cuidado com a gestão, principalmente o controle financeiro. “A falta de organização nos aspectos de gestão é uma das principais causas de falências de jovens empresas, no início de uma empresa precisa ter os cuidados que se tem a uma criança recém-nascida, não é hora de excessos, de grandes mudanças, e sim de estabilidade e cuidado”, reforça.
Para fidelizar o cliente, o professor pontua que o melhor diferencial competitivo é a satisfação, “a grande maioria dos consumidores não está em busca de menor preço, mas sim de maior satisfação, um dos principais erros de novos empreendedores é achar que vender mais barato é o caminho, quando na verdade a fidelização por preço é muito frágil, e se dissolve assim que se encontra um preço mais baixo”, detalha.
Segundo o especialista, a fidelização deve partir de benefícios extras que trasponham as características básicas do produto ou serviço. “O valor agrado percebido pelo cliente, que pode ocorrer das mais diversas formas, como: atendimento, brindes, conforto, segurança, condições de pagamento, exclusividade, personalização, status, comodidade, garantia. A qualidade deve ser obrigação, é o mínimo necessário a se oferecer no processo de fidelização. Seguindo esses passos básicos, a chance de sucesso do empreendedor aumenta consideravelmente”. conclui.
Confira outras dicas para ter sucesso no seu negócio:
PERFIL DE EMPREENDEDOR
Nem todo mundo tem perfil de empreendedor. É preciso firmeza, responsabilidade, jogo de cintura e outros requisitos para tomar conta do negócio. Avalie se você tem o perfil de empreendedor. Mas se a resposta for negativa, não se desespere: essas características também podem ser desenvolvidas e aprendidas.
TER SÓCIO OU ENCARAR O DESAFIO SOZINHO?
A dura tarefa de abrir um negócio pode ser amenizada se as atividades forem divididas. Alguns empreendedores buscam como sócios amigos, cônjuges e parentes. Desde o início, para evitar problemas, a recomendação é ter uma conversa franca sobre as expectativas: quais serão as responsabilidades de cada um, disponibilidade, quem assumirá o negócio caso a sociedade seja desfeita?
O ideal é que os sócios de complementem: um cuide do marketing, outro da gestão, por exemplo. Se ambos gostam ou têm habilidades na mesma área, algum setor da empresa ficará desfalcado.
ANÁLISE DE MERCADO
Para quem ou para que vou abrir um negócio? Quem será o meu cliente? Quem são os meus concorrentes? Todas essas perguntas precisam ser levadas em conta. É o que os especialistas chamam de “plano de negócio”.
Com as rápidas transformações que o mundo está vivendo, o empreendedor também deve levar em conta outros aspectos, como a digitalização e informatização, logística (como seu produto ou serviço vai ser entregue?), entre outros fatores.
OBTENÇÃO DE CRÉDITO
Alguns empreendedores usam a indenização de uma rescisão de trabalho formal, por exemplo, para investir em no negócio próprio; há aqueles que juntam recursos por um tempo para investir na tão sonhada liberdade, longe de patrões. Mas há também opções de crédito na praça, oferecidas por instituições financeiras (tenha cuidado com taxas de juros altas).
De qualquer forma, o empresário precisa ter na ponta do lápis os custos da operação, desde a concepção do negócio, passando pelos primeiros meses de operação, não esquecendo de guardar um fundo de caixa para sair de situações de aperto ou de crise.
ESTRATÉGIA DIGITAL
É impossível deixar de lado o ambiente digital. Toda empresa deve ter presença na internet, seja por meio de site (inclusive para vender seu produto por lá), e redes sociais (elas são a nova versão do antigo Serviço de Atendimento ao Cliente, além de ser uma vitrine do negócio, para o bem ou para o mal).
BOA SORTE!
Com toda a papelada em ordem e a ideia da empresa viabilizada, é hora de “arregaçar as mangas”. Nos primeiros meses do empreendimento, tenha atenção também ao capital de giro, fluxo de caixa e ao estoque (não corra o risco de ter produtos demais ou de menos armazenados). Por fim, boa sorte e sucesso nos negócios!