No dia a dia a vida nos desafia, nos faz reféns de tudo e de qualquer coisa. Tudo é um obstáculo a ser ultrapassado. Mas para quem lida com as palavras todos os dias, o maior desafio é desafiar o papel em branco. Muitos já tiveram aquele momento “me deu um branco”. Nesse instante, o que fazer para preencher esse espaço? Outras perguntas devem ser respondidas: ”Para quem escrevo”? ou “Quem vai ler meus textos”? ou ainda e principalmente, “Por que escrevo”? Tais interrogações, talvez nem precisem de respostas, pois cada um tem seu momento, tem um assunto ou tema e um público específico e o mais cabíveis nessas argumentações, cada um tem uma emoção que motive a escrever.
Foi com essa ideia de fomentar a escrita, que a Associação Brasileira de Jornalistas e Escritoras do Brasil –AJEB/Ma, teve a iniciativa de unir suas associadas (todas mulheres) para juntas lançar a II Coletânea “POR QUE ESCREVEMOS: a voz da Mulher”. No Maranhão, a AJEB é composta por 26 mulheres, tem como coordenadora e presidente a escritora Anna Liz Ribeiro. Este é um forte movimento artístico-cultural que ratifica a força da mulher com ato de escrever e expor suas idéias e principalmente, onde todas têm voz e vez.
E falando em voz da mulher, abaixo a opinião de algumas das muitas autoras que compõem a obra, dando suas opiniões sobre o ato de escrever:
“A palavra é maior que eu./Escrever é sair de si e ir ali” (Heloisa Sousa);
“Por que escrevo?/Já sei:/Para lamber o chão” (Luiza Cantanhêde);
“Escrever/meu antídoto/pranto/acalanto”. (Sharlene Serra);
“Eu escrevo porque estou sempre perto do fogo, que me cura e flora” (Silvana Meneses);
“Está no meu sangue a tinta com que escrevo minha criação literária” (Wanda Cunha)
“A poesia é meu florescer, é meu espalhar semente” (Anna Liz)
“Através da minha palavra/eu me dispo corpo e alma/ mas também me visto/inquieta ou calma/muitas e muitas vezes”Dilercy Adler
A AJEB é uma associação de mais de 50 anos, que atua desde 1970 e tem como principal objetivo estimular a união das associadas, fomentar a harmonia nacional e internacional, promover o intercâmbio de conhecimentos, ideias, experiências, amizade e respeito entre as associadas e com outras associações, incentivar o aperfeiçoamento profissional de suas associadas, por meio da participação em cursos, seminários e encontros culturais. No Maranhão, a entidade existe desde setembro de 2018.
Segundo Anna Liz, Presidente e Coordenadora da Ajeb-MA, “essa antologia é um importante instrumento de veiculação da literatura produzida por escritoras maranhenses que reúnem suas vozes para dizer: ‘estamos aqui espalhando nossa escrita no mundo’”. Anna Liz conta ainda que a ideia surgiu de alguns momentos de leituras e inquietações sobre o escritor e o ato de escrever “e daí surgiu a ideia de pensar nas escritoras maranhenses, de também em expor e falar o motivo que as levam a escrever”.
Muitas pessoas não conseguem dizer por que escrevem, no entanto, não temos fórmula, é um estado espírito. A escrita é um emaranhado de enigmas, por si só, é uma das mais verdadeiras formas de expressar a verdade de cada um. “É através dela que nos expomos e mostramos nosso lado mais frágil, mais duro, mais real. Escrever é a liberdade expressa através das palavras. É na escrita que dizemos o que realmente sentimos. E é na escrita poética, mais especificamente, que o eu poético de cada um consegue ultrapassar todas as barreiras, demonstrando toda fragilidade e força do autor ou autora” LB.
No dia 04 de setembro a AJEB-MA esteve presente na 21° Feira Internacional do Livro de Lisboa/Portugal para lançar a coletânea “Por que Escrevemos”. Na ocasião, contou-se com a presença da Presidente Nacional da Rede Sem Fronteiras, a senhora Dyandreia Portugal. Vale dizer que a Rede Sem Fronteiras é uma entidade organizacional cultural que promove e divulga a cultura brasileira e lusófona, a mesma está presente em mais países pelo mundo. A Feira acontece de 26 de agosto a 12 de setembro do corrente ano.
A obra “POR QUE ESCREVEMOS: a voz da Mulher” é organizada por Anna Liz e está em formato E-book, o mesmo pode ser adquirido pela Amazon e também está disponível na Rede Sem Fronteiras. O livro foi produzido pela Editora Letras Graciosas de Portugal e, posteriormente, será formatado em audiobook.
Finalizando essa pretérita escrita, deixamos aqui como texto ilustrativo o poema da escritora Ajebiana Heloisa Sousa, uma das participantes da Coletânea, que nos brinda com sua poética simples e sintética sobre o ato de escrever:
ORA, POR QUE ESCREVO?
A palavra não cabe dentro de mim
as palavras me invadem crescem
ganham vida
se rebelam
escapam
fogem
buscam caminhos viçosos
arenosos difíceis íngremes.
A palavra é maior que eu.
Escrever é sair de si e ir ali Sem destino.
Sem volta.
Escrever muda sua história, sua vida.
Conta.
Inventa.
Mente.
Destrói.
Constrói.
A Palavra te inunda de poder.
De todo o poder.
Te entrega e te rouba.
Ninguém que escreve é normal ou quer ser normal.
Escrever é subverter.
É ser o outro em si mesmo.
É sentir.
Gritar e calar enquanto fala.
É não sofrer nada
E mesmo assim morrer de dor.
Escrever é ir ali.
Mas e você, caro leitor, deixe aqui seus comentários respondendo à pergunta: Por que você escreve?
Uma resposta
Uau! Obrigada por este maravilhoso artigo que fortalece ainda mais o trabalho literário das escritoras maranhenses.