sexta-feira, 29 de março de 2024

Na sala de aula virtual…

Publicado em 11 de abril de 2021, às 11:10
Imagem: Freepik

Com o advento da Pandemia causada pelo Covid-19, quase tudo foi alterado. As formas de interagir com as pessoas sofreram grandes modificações, e o medo, às vezes disfarçado de súbita coragem, passou a ser a companhia diária de quem está conseguindo sobreviver a este complexo momento histórico. Os profissionais das mais diversas áreas procuram, desde o início da crise, uma solução que consiga unir saúde, bem-estar, vida normal e desenvolvimento econômico. Mas parece que, pelo menos por enquanto, essa panaceia habita apenas o mundo dos sonhos.

No meio dessa confusão generalizada, as escolas (e todos os seus atores) tiveram que adaptar-se a uma nova realidade – ou a um novo normal, como querem alguns. Algumas medidas foram tomadas para minimizar os prejuízos causados pelo fechamento físico de algumas instituições e pela impossibilidade de comparecimento às aulas de alunos e/ou professores. As tecnologias digitais deixaram de ser vistas com desconfianças e se tornaram poderosas armas de aproximação entre os diversos elos da corrente educacional.

E não é que, no meio de tudo isso, envolvidas com aulas síncronas e assíncronas, aparelhos e aplicativos, dificuldades e superações, as pessoas estão percebendo que, em muitos aspectos, os tipos sociais que aparecem nas salas de aulas virtuais são bastante parecidos com os que frequentavam a sala de aula física?

Diante do computador, tablet ou aparelho de telefonia móvel (celular), há uma multidão de comportamentos que sofreram poucas alterações. Continua existindo aquele/a aluno/a que faz de tudo para estudar e aprender, que acorda cedo, pega seus cadernos, lápis, livros, etc. e tenta tirar o máximo do esforço de seus professores em ensinar nas plataformas disponíveis. Há também aqueles cujos familiares acreditam que ficar com um livro (agora celular) nas mãos é coisa de vagabundo/a, de desocupado/a. Não deixaram de existir aqueles/as que se abrigavam nos fundos da sala para recuperarem o sono perdido durante a madrugada.

Continua havendo aquele/a estudante que faz todas as atividades, que pesquisa com antecedência o conteúdo das próximas aulas, mas ainda existem aqueles que nem mesmo suspeitam qual foi o assunto trabalhado minutos antes. É possível identificar naquele/a aluno/a que não pode acessar as aulas virtuais por falta de crédito ou de acesso à net, a mesma pessoa que faltava às aulas na escola por não ter o dinheiro da passagem ou não ter como tomar um café com pão que lhe desse forças para enfrentar as horas e mais horas de aula.

Ainda é possível encontrar quem use a desculpa de haver deixado o trabalho no “outro caderno” na figura do que diz que estava off-line e não teve como recuperar algum documento na caixa de e-mail. Continuam abundando aqueles/as estudantes que conhecem tudo em tecnologias digitais e frequentam assiduamente as redes sociais, mas que não sabem como anexar uma tarefa nas plataformas sugeridas pelo/a docente. Não é raro encontrar aquela pessoa que antes deixava a mochila em uma cadeira, pedia para tomar água e voltava somente na aula seguinte, para repetir a operação de fuga. Mas agora isso aparece na imagem de uma câmera e de um microfone desligados diante de triste imagem de um aparelho abandonado em um suporte sem ninguém por perto. O importante sempre foi responder à frequência ou assinar o nome na lista de chamada. A aprendizagem pode ficar para depois. Mesmo sem a garantia de que exista um depois.

Não se pode esquecer também que, do outro lado da tela, ainda existem aqueles/as profissionais que ser orgulham da missão recebida e que se sacrificam para que seu alunado tenha os melhores momentos de aprendizagem, em contraste com aqueles que sempre apertaram, independentemente da presencialidade ou não, o invisível botão do “se vire”, e que sentem que cada segundo em aula é uma eternidade. Um tempo que nunca passa, uma aula que nunca acaba, uma turma que deveria desaparecer da face da terra.

Ou seja, uma sala de aula virtual guarda muitos pontos de semelhança com as aulas físicas presenciais. Há até casos de quem reclame não da impossibilidade de ir para a escola / universidade / faculdade, mas sim da falta de oportunidade de faltar às aulas para bater aquele papinho com a turminha enfarada de tanta aula.

Mas para tudo isso se dá um jeito. A criatividade humana não tem limites.

2 respostas

  1. Durante esse período de aula remota foi possível mudar a opinião sobre alguns professores que presencialmente pareciam muito dedicados, no entanto, quando procurados para tirar dúvidas mostraram que não tem empatia nenhuma pelo aluno. Professores que não oferecessem o menor suporte para o aluno. Já outros professe que não dominam tanto o conteúdo, mas se mostraram compreensivos e auxiliaram o aluno em todos os momentos. Por outro lado, alunos que não sabem aproveitar a parte positiva de gerenciar seu próprio tempo de estudo e que demonstram zero respeito pelos professores ao sumirem da aula. O que me assusta são os alunos de literatura com esse comportamento que não param para pensar que estarão nessa posição em pouco tempo. Ou seja, quanto mais se fala em empatia, menos ela é vista na prática.

  2. É paladino dos poetas, como srmpre, artigos de grande valor. Nós professores, teremos que incorporar novos modelos e conhecimentos. Nossa antiga escola e o modelo que estudamos, foi condenada e extinta, espero que não entre nessa extinção o Homo Sapiens. Sempre belo suas produções.

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