quarta-feira, 17 de abril de 2024

ENGENHARIA BIOMÉDICA: processos físicos, posturas éticas… e afins

Publicado em 27 de março de 2021, às 14:42
Imagem: Free Pik

Os problemas são tão graves e multidimensionais que não importa onde iremos começar. Se você é professor, ensine; se arquiteto, construa casas: se negociante, faça isso nos seus negócios… Mas faça tudo de forma ecológica, holística (FRITJOF CAPRA, em entrevista publicada no primeiro número de “Nova Era” da revista Planeta)

Breve digressão centrada e a partir do concertamento dos procedimentos de conserto – ou vice-versa – ao se cuidar do reestabelecimento do equilíbrio momentaneamente perdido por agravos físicos de causalidade social…

Em verdade, há um concerto, literalmente orquestral… no processo de reconquista do equilíbrio [da harmonia…] circunstancialmente quebrado por algum agravo acidental. Digo do processo natural – a ser seguido como paradigma… Com sua ocorrência, também se dá uma oportunidade, sem igual, para se refletir sobre posturas éticas a serem expressas na prática biomédica.

Essa prática, é bom sempre frisar, não é nem deve ser apanágio ou exclusividade de médicos, bioquímicos ou biólogos… Posto como a VIDA é, por definição, algo inconsútil.

E deve ser… vivida  – e, eventualmente, conSertada… – de modo compartilhado, sem fronteiras mesquinhas de “exercício profissional”, apequenadas que de si o são e agravadas por ciumeiras, que apenas denotam inseguranças pessoais e/ou  inadequações nas estruturas de desempenho profissional…

Atropelado, agora, em meu equilíbrio estrutural [leia-se ortopédico…] sou levado a recordar reflexões criativas de mais de duas décadas, quando de vivência por uns cinco anos muito férteis, em que tive a felicidade de mergulhar e degustar, no Campus da USP em Ribeirão Preto, São Paulo.

A convivência multi [muito além do simplesmente inter-] disciplinar era ali certamente condicionada pelos vários cursos desenvolvidos, nas áreas de CIÊNCIAS – biomédicas e humanas. Eram oferecidos pela FAFI-Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, à qual me ligava por seu Departamento de Educação; e pelas Faculdades de Medicina, Enfermagem e Odontologia.

Mas certamente era muito mais estimulada, aquela convivência, por uma sempre afluente atitude de estudo e de pesquisa, que fluía desde as temáticas psicopedagógicas, passando pelo melhoramento genético de animais e de plantas, até a promoção da saúde coletiva pela ação multi-profissional face à nutrição humana.

Para a Coordenaria do Campus como um todo, honrou-me desenvolver, em 80/81, trabalhos de assessoramento para sua integração acadêmica. O coordenador, médico José Eduardo Dutra de Oliveira, clínico geral, era então nada menos que presidente da Sociedade Internacional de Nutrição.

Tudo dava azo a incursões, a rigor, transdisciplinares, … exercitadas por quantos para tanto fossem vocacionados.

Que se expressavam tanto nas teses acadêmicas, quanto nas preocupações de aplicação social dos conhecimentos, ali desenvolvidos e atualizados sobre problemas emergentes. E que transitavam, muito especialmente pela seara metodológica, desde as aplicações bio-médicas, passando pelas práticas psicopedagógicas [não obstante muito “marcadas” pelo behaviorismo, eufemisticamente praticado como análise e/ou modelagem experimental do comportamento…] … até as reflexões de ordem cibernética. Ou, mais apropriadamente falando, a metodologia de Estudo dos Sistemas Gerais, campo por excelência da referida transdiciplinaridade, permanente ampliador potencial do trabalho científico. Especialmente do ecológico, no qual, por definição holística…, aqueles estudos e metodologia se fazem “em casa”. 

Neles então me iniciei com deguste; para, posteriormente, dedicar-me mais sistematicamente, já no Campus de São Carlos, da mesma USP, ora no Departamento de Engenharia de Sistemas de sua Escola de Engenharia, ora em seu CPDES-Centro de Processamento de Dados e Estudo de Sistemas, como então se denominava…

Dali para os patamares da reflexão deontológica, da Ética Científica, da crítica dos valores vivenciados na prática do trabalho científico … era só um passo a nos tentar.  Ainda não se falando em epistemologia

Hoje, “estimulado” por momentâneo infortúnio…, recordo que àquela época, a partir de trabalhos de aplicação biomédica [= restauração],  teria “dado” tese de doutoramento a investigação de fenômeno que se denominaria “efeito piezzo-elétrico”, observável nos processos de recuperação de agravos ortopédicos ou,  mais especificamente, em fraturas ósseas.

[Aqui se faz, de passagem, uma aplicação da perspectiva do estudo dos sistemas gerais, que exercita a observação/comparação por analogias entre sistemas “diferentes” ]

Algo análogo ocorre com a planta. Certamente, muitos de nós já observamos isto, em árvore ou arbusto. Quando acontece de ter quebrado um de seus ramos ou galhos, porém sem seccionamento ou separação total da parte principal da planta, é visível como a natureza mesma “providencia” –   mesmo se não houver “socorro externo” –  uma verdadeira corrente de vida … O processo de indução de seiva, que “automaticamente” é acelerado, aos poucos mas eficazmente, cuida da recomposição do tecido na parte quebrada. Como que a envolvendo com uma cinta ortopédica, encobrindo a “ferida”, ao final restabelece a estrutura, a resistência e as funções do sub-todo [galho ou ramo, no caso]. Vai retomando seu equilíbrio, até que  “se levanta”… preferindo a orientação para o Sol nascente … fonte-símbolo da ENERGIA PRINCIPAL !

Pois a pesquisa científica verificou que, igualmente nas fraturas ósseas animais, há a formação de um campo eletromagnético  – batizado como efeito piezzo-elétrico – que induz [ acelera…] o processo de multiplicação celular, na restauração do tecido ósseo agravado, reconsolidando sua estrutura e suas funções [no meu caso, do fraturado colo do fêmur esquerdo…]

Trata-se de um vero CONCERTO, por definição sistêmico, que se acha implícito no processo de conSerto do corpo agravado … O que, de leve … para não dizer sutilmente, pode-nos mostrar ou sugerir [infelizmente nem todos o percebem…] uma postura básica a ser assumida em nossas práticas terapêuticas. Tal postura seria elemento central no delineamento de um NOVO perfil ético para prática de nossas intervenções nos campos da saúde. Da SAÚDE

O bom e honesto entendimento dispensaria detalhamentos e/ou “conselhos” mais explícitos neste particular… Mas, por via das dúvidas…, destacaria dois pontos.

Primeiro, o da necessidade – “pedida” ou mesmo ditada pela própria natureza de nossos sistemas orgânicos – de que sempre sejam abordados e tratados de modo GLOBAL, superando-se as limitações e a discutível eficácia dos especialismos …  só aparentemente eficientes.

Embora isto pareça mesmo bóvio… atente-se:foi dito global

Não se está dizendo “geral”, muito menos “superficial”…

que seria uma gritante barbaridade !

Segundo, posto como se trata de organismos animados e conscientes […] tem-se que é fator fundamental a ser levado em conta a sabida vontade de ficar bom, por parte de quem teve sua saúde desequilibrada. Fator conhecido, sim, porém pouco “trabalhado” pelos médicos correntes…

Ora, tal “vontade”, no exato exemplo do efeito piezzo, significará precisamente um comando central (cerebral) conscientemente constante, para induzir a manutenção do referido campo eletromagnético, no processo de restauração de estrutura óssea agredida. Isto, independentemente e, por evidente, sem prejuízo de recomendações outras, específicas, tipo repouso e similares, e/ou de eventuais medicações.

[Aqui nem se entrando ainda na questão de se ou não alopáticas, sabidamente as mais correntes, … não obstante as próprias colocações aqui esboçadas deixem implícita, até por coerência metodológica, uma certa orientação, que sabidamente envolve implicações outras, assim conceituais como práticas].

A orientação para um atendimento global –   por definição científica e por princípio ético – se deveria consubstanciar e expressar em uma inequívoca postura, pessoal e profissional,

por parte de todos os que trabalham nas áreas da atenção à saúde

E não só, mas especialmente, dos médicos …

Ao mesmo tempo e por isso mesmo, isto nos remete de imediato à questão, hoje crucial, da formação dos profissionais em SAÚDE …  [repetindo: não apenas dos “médicos”] e de seus agentes associados.

Sem que se esqueça, evidentemente, dos programas de educação para a SAÚDE, dirigidos à população em geral e, em particular, aos chamados “formadores de opinião”, que estão especialmente nos meios da imprensa e da mídia em geral. Dir-se-ia que a mensagem a permear seus programas deveria veicular, digamos, algo como uma pré-terapia … que expresse aquela abordagem globalizante da SAÚDE, com “destaques” para as condições de vida e convivência, em geral e específicas […especialmente: saneamento básico, habitação, alimentação…].

E, ao mesmo tempo, com ênfases para o desenvolvimento de uma nova atitude […global, também] face à mesma vida / convivência…

Neste contexto, teríamos que retornar – como felizmente já ocorre, graças ao ressurgimento da sensatez pública em alguns municípios –  à preparação dos clínicos  e/ou dos médicos de família… como acontecia …”antigamente”. Ou, hoje melhormente adjetivando, … dos agentes comunitários, no sentido lato desta expressão.

Faz uns “bons” anos que o movimento pela Reforma Sanitária Brasileira tecla esta verdade que se diria universal… Mas, “graças” a toda sorte de subterfúgios, ou mesmo pela impudicícia de algumas ações explícitas, as comunidades disso têm sido privadas pelos remanescentes e até criminosos interesses que ainda realimentam [e engordam…] a sabida “velha” indústria da doença. Esta que sempre enfatiza e superdimensiona o final atendimento médico-hospitalar, em detrimento das sabidas ações de promoção e proteção da SAÚDE. Situação que remanesce, apesar dos discursos, das moções, das Conferências, dos Conselhos… E até das teses acadêmicas…; neste caso, com profunda ironia, se consideradas as tantas verdades científicas e éticas, aqui apenas modestamente recapituladas.

Com tudo isto posto, ousaria esperar  que  este  alinhavado  fosse  recebido – e oportunamente criticado, com criatividade e responsabilidade –    como…

termos-de-referência para uma possível nova prática social em SAÚDE, superando-se  o particular e o acidemte específico que a tanto aqui nos deu motivo.

E aqui não perdendo a oportunidade para mais um exercício de aplicação sistêmica [quase ia dizendo ecológica…] diria que a SAÚDE PÚBLICA está a exigir, com urgência urgentíssima, o processo de um efeito piezzo elétrico… político,  que seja sistematicamente induzido por um conjunto de ações eficazes da cidadania, no sentido da restauração de nossa estrutura social e de nossos tecidos culturais; mas, muito mais especialmente, dos padrões do comportamento nos desempenhos políticos. Em benefício final e esperado da maioria dos conviventes.

Do contrário, não nos acudirá uma … sociedade sustentável.

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