“Big Brother Brasil é coisa de alienado”; “Melhor ir ler um livro”; “Programa pão e circo”; “Perda de tempo”. Estes são alguns dos comentários comuns que vemos e ouvimos ano após ano quando se anuncia o reality show de maior sucesso e duração do país: o Big Brother Brasil (BBB), transmitido na TV Globo.
Uma problematização típica no entretenimento de cunho popular e fora do eixo considerado erudito. Algo, infelizmente comum em nosso país, e que também pode ser facilmente encontrado na condenação de outros tipos de cultura e manifestações artísticas populares, como o funk, por exemplo.
Se supõe que os espectadores do reality são apenas pessoas de baixa intelectualidade, e que o programa pouco acrescenta para a nossa evolução. Mas o BBB é, na verdade, um reflexo da nossa sociedade, e vem pautando, ao longo de 21 anos, temas como racismo, machismo, gordofobia, xenofobia, e tantos outros que não chegam às mais humildes camadas da população por meio de livros ou debate dos “grandes pensadores” e intelectuais.
Em um país com baixos índices de educação, e de acesso a livros e internet, a televisão ainda é o meio mais popular e acessível para se democratizar debates como esse, ou simplesmente proporcionar entretenimento para o cidadão e cidadã cansada da realidade do país. E o BBB cumpre ambos os papéis.
E o programa vai além da televisão, com temas que engajam também os jovens na internet e abrem as portas para um debate necessário, mesmo que nem sempre de um jeito saudável, pois o mundo da web pode ser tóxico.
Este ano, com menos de uma semana no ar, o Big Brother Brasil 2021 já foi fonte de debates como o preconceito contra nordestinos, segregação, a cultura do cancelamento, e saúde mental.
Um reality que, dia após dia, figura entre os assuntos mais comentados nas redes sociais, mostra-se uma importante ferramenta de comunicação e também de entretenimento, afinal por que “se alienar” deveria ser visto como algo negativo?
Vivemos há um ano uma das piores pandemias da história, com caos na saúde, na economia e na política. Somos inundados todos os dias das notícias mais absurdas e desesperadoras. Então, se, mesmo assim, você acredita que é irrefutável que quem assiste um reality show está conscientemente escolhendo se alienar, pode realmente culpar alguém por escolher o entretenimento em um momento tão delicado e difícil? Às vezes o pão e circo é o único escape para manter a saúde mental. Já não se trata só de alienação, mas de sobrevivência.
2 respostas
Ótima matéria.
Se trata de um programa que tira de foco o que acontece no mundo essas guerras seres humanos sendo carnificiados em troca das grandes indústrias bélicas venderem armas e munições .