sexta-feira, 19 de abril de 2024

Espaço d@s estudantes – por Hérika Almeida #001

Publicado em 3 de dezembro de 2020, às 9:39

JÚLIA JENIFER BRIANTE: A CRONISTA QUE AMA METÁFORAS

Foto: Autora

Embora não seja algo tão perceptível, filhos de pais separados sofrem com a ausência de um deles. Por mais que os sentimentos não sejam demonstrados por atitudes ou palavras, os pequenos se tornam vulneráveis a diversas situações traumáticas. A falta de afeto, acolhimento e cuidado são apenas alguns dos exemplos que podemos citar. E o que dizer da proteção e segurança que apenas os pais e mães podem garantir aos filhos? Afinal, a ausência desses personagens abre brechas para que o abuso sexual infantil aconteça onde menos se espera: em casa. Pensando nisso, a escritora de hoje nos apresenta essa temática, para nos fazer refletir sobre os riscos que crianças e adolescentes estão expostos, além de alertar esse público, para que não se tornem as próximas vítimas.

Júlia Jenifer Briante tem 20 anos e é acadêmica do 4° semestre de Jornalismo, no Centro Universitário Unifasipe, na cidade de Sinop – MT. Há um ano faz parte da equipe de produção de Jornalismo do Grupo Roberto Dorner de Comunicação, afiliada SBT, em Sinop. A jovem estudante gosta de escrever sobre temas diversos e ama brincar com as palavras, utilizando metáforas.

Aprecie este texto dela.

MEMÓRIA

Em uma conversa aleatória com alguns colegas de trabalho mais experientes que eu, ouço a seguinte frase: “branquinha, cabelo liso e muito educada, provavelmente nunca passou por nenhuma dificuldade na vida”.  Achei interessante a observação feita com base em algumas características físicas que eu possuo. Mas, até em que ponto eu posso definir a palavra “dificuldade”? Retornei para casa com essa frase ardendo e circulando entre os meus pensamentos. Eu realmente nunca considerei minha vida difícil, iludida, deixo que você julgue a minha história.

Criada em uma situação incomum, em que um jovem solteiro, se viu na obrigação de cuidar de duas crianças deixadas em seus braços por uma mulher que abriu mão dos filhos e preferiu “viver a vida”. Certo dia, caminhando por um local deserto e sem vida, o jovem olha para os dois pequenos que o seguem com um brilho no olhar, animação e paixão pelo desconhecido. 

Morando distante da família, os pequenos eram a única opção que aquele jovem tinha para chamar de lar. Na perspectiva das crianças, tudo era diferente, assustador. Por isso, viam na figura do pai, um homem forte que sempre os protegia, um verdadeiro super-herói. Porém, na vida real os super-heróis não usam capam ou exibem superpoderes. Eles levantam ao raiar do dia e vão em busca do seu sustento. E na ausência do protetor, é possível imaginar que existam “seres maus” que olham para a inocência dessas crianças e queiram se aproximar, apenas para satisfazer vontades carnais.  Infelizmente, é difícil compreender os motivos que levam alguém a abusar de um ser inofensivo, indefeso.

Analisando essa situação de maneira metafórica, a explicação seria mais ou menos a seguinte: enquanto o super homem vai em busca do pão de cada dia, o castelo fica vulnerável. Quietinhas, estão as suas sementes, frutos de uma relação que não teve final feliz. Solto pela floresta, está o lobo mau, rondando silenciosamente, como se esperasse a hora certa para atacar. E, dia após a dia, a cena se repete. Com o passar do tempo, a semente vinga, o ramo descobre a luz e a flor nasce, mas não desabrocha. Ainda é muito pequena e nova para isso, mas o homem não se importa. Se o jardineiro está longe, ele arranca a flor a destrói e deixa o ramo fraco e confuso, abandonado para morrer. Mas as raízes são fortes, o jardineiro cuida com todo o amor do mundo e ela cresce, se torna linda e plena, chega às alturas como se fosse intocável. O lobo mau nunca foi punido, mas todo o sofrimento que ele fez não faz parte da minha realidade. Enfim, eu acordo pensando no assunto. Lembro e choro. E, por isso, só eu sei a minha definição de dificuldade.

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