João Marcos – estudante de Jornalismo e escritor.
Todo artista, seja ele escritor, pintor ou até mesmo um bom cozinheiro que inventou uma receita saborosa já foi perguntado de onde eles tiram suas ideias, onde cultivam tanta imaginação e criatividade. Será que no fim do arco-íris existe um pote de encantado repleto de boas ideais? Ou será que os grandes escritores são assistidos por musas gregas da inspiração?
A resposta que tenho é uma palavra composta por três letras: não. Eu não sei. Mas esta negação me leva a um outro caminho, aquele de que as boas ideias não podem ser controladas, não nascem de uma mistura de técnicas e fórmulas mágicas. As ideias geniais, para mim, surgem de duas formas: por associação e por aspectos subconscientes relacionadas as nossas memórias, sejam elas boas ou ruins.
Quando falo de associação é de relacionar algo que já existe, colidir e misturar ele com outros elementos e disso formar algo completamente novo. Eu particularmente gosto do conceito de brainstorm (tempestade de ideias), que é o momento em que você coloca no papel tudo aquilo que vem na mente, por mais aleatórias e posteriormente inúteis que sejam. Nisso, você consegue combinar ideais de forma infinita. Um exemplo disso é o livro “O Livro do Cemitério”, do Neil Gaiman. Ele teve a ideia dessa história quando pensou que se Mogli, do clássico “O Livro da Selva”, de Rudyard Kipling, que foi criado por animais, como seria uma criança sendo criada por mortos em um cemitério? A história de Gaiman soou tanto original quanto genial. É isso que a nossa mente faz quando nos colocamos à disposição para enxergar as coisas com outros olhos.
Porém, existe outra forma que considero que pode trazer boas histórias a sua mente, que é revisitando o passado, suas experiências e vivências. Muitas coisas que hoje estão nas minhas histórias vieram de quando eu era criança e imaginava algumas coisas de forma diferente, de brincadeiras da infância, até mesmo dos meus medos. Tudo se apresenta de forma consciente ou inconsciente, dependendo da situação.
Por que eu disse que não tinha as respostas, mas mesmo assim eu trouxe alguns caminhos? É porque esse é o meu processo criativo, a forma que encontrei para criar personagens, enredos e lugares. Mas qual é o seu processo? O que você faz para cultivar boas ideias? Cada pessoa tem um modo particular de ver o mundo e é isso que nos torna tão especiais. As boas ideias fluem do autoconhecimento, das vivências e principalmente quando entendemos qual é o nosso lugar no mundo.
E então, de onde vêm a suas ideias?