Márcia Castelo Branco – Administradora de marketing, mestre em educação, professora, escritora e membro da Academia Açailandense de Letras.
As tecnologias digitais, o acesso à informação, a disseminação do conhecimento vêm moldando um novo perfil de sociedade, descrito por alguns autores, como sociedade da informação ou sociedade em rede (Castells, 2003), sociedade do conhecimento ou sociedade da aprendizagem (Pozo, 2004). Um mundo onde o fluxo de informações é intenso, em permanente mudança, e “onde o conhecimento é um recurso flexível, fluido, sempre em expansão e em mudança”.
As novas tecnologias vêm transformando a forma de comunicação entre os povos do mundo inteiro, rompendo paradigmas e viabilizando o acesso à informação em tempo real, sem barreiras ou distancia, a velocidade da informação traz para as pessoas múltiplas possibilidades de acesso à comunicação e ao conhecimento, é uma nova era social que usa de forma discriminada essas novas tecnologias, o que vem denominando de Sociedade da Informação (SI), mas que, na perspectiva de muitos especialistas, afirma que esse desenvolvimento adiciona novos conceitos de sociedade onde o acesso à informação e o conhecimento poderão ser partilhados em grupos, comunidades ou individualmente. Por outro lado, é indispensável a reflexão quanto aos desafios dessa nova sociedade, que tem como base do conhecimento a informação e a comunicação entre as pessoas, a realidade das tecnologias de informação não pode ser completa ou eficiente sem a conjuntura do diálogo ou da palavra e suas ideologias, que são fundamentais para a construção do conhecimento e aprendizagem, e essenciais para o processo de transformação do homem da nova sociedade.
Contudo, é importante refletir ou questionar a rápida transformação da sociedade e suas questões transitórias que deixa de ser em décadas e passa a ser segundos quando se trata de informação e comunicação, o que isso implica no conhecimento? Ou na sua essência e profundidade? Quais os limites da nova sociedade globalizada? O que pode ser ou não compartilhado? O que é fato ou fake? De forma individual ou em comunidade, são questionamentos importantes dentro deste contexto e implicações da sociedade em rede ou sociedade da informação.
No mundo globalizado, as informações e o conhecimento propagam de forma muito rápida e eminente, isso traz significativas mudanças para a sociedade em todos os aspectos, políticos, econômicos, comportamentais e socioculturais, todas essas variáveis dependem das condições das tecnologias de informação e de como essas tecnologias podem ser benéficas ou não para as pessoas, uma vez que é a sociedade quem toma proveito dessa informação e desse conhecimento, muitas vezes tornando unilateral e construindo uma sociedade singular que também passa por um processo de mudança de comportamento.
A internet proporciona à nova sociedade a oportunidade de inovar suas formas de comunicação, é na verdade um canal de comunicação horizontal onde as pessoas se expressam de forma independente e livre, isso propicia a liberdade de acender qualquer tipo de informação, o que não é uma garantia que resulte em conhecimento.
A sociedade da informação e do conhecimento faz parte do desenvolvimento como um produto transformador dos processos tecnológicos que também estão em constante evolução, seus conceitos e conhecimentos são variáveis que se definem conforme suas estruturas ou plataformas de conhecimento.
Para Brzezinski (1971, p. 11), “a nova tecnologia das comunicações eletrônicas é que havia inaugurado a nova era”. A nova forma revolucionária de se comunicar fez com que o homem através das tecnologias expandisse mundo afora todo tipo de informação, colocando em destaque mais uma vez a capacidade humana de evoluir e revolucionar conforme suas necessidades. Os meios de comunicação sejam eles tecnológicos verbais, gestos, sinais ou a própria escrita, são uma ponte subjetiva que envolve a definição da informação e da transformação do conhecimento, é possível observar isso em diversas abordagens, que definem, a comunicação como uma ferramenta que transmite a informação e o conhecimento. Segundo Pimenta (2006), a comunicação, para os homens, é tão importante quanto o sistema nervoso para o corpo.
Todas as transformações sociais da humanidade, sejam elas cientifica, tecnológica, econômica, sociocultural ou politica, dão-se a partir da inquietude do ser humano e de sua incansável busca pelo conhecimento, isso levanta uma discussão sobre o destino da evolução humana, que sempre foi marcado pelas descobertas, inovações e avanços que levam o homem cada vez mais além do seu tempo. É essa busca constante por mudanças que vem transformando o modo de pensar e agir da nova sociedade, sociedade, essa que está em constante construção. Os anseios pela busca do desconhecido são uma fonte de construção do conhecimento que consiste em projetar a sociedade em direção ao desenvolvimento, direção essa que traz profundas mudanças que refletem direta e indiretamente no comportamento do homem, seja na educação, economia, hábitos, cultura e experiências, quebrando paradigmas e nos fazendo refletir sobre os rumos do conhecimento e da humanidade.
A disseminação vertiginosa do uso da tecnologia vem colocando o indivíduo na posição de disseminador das informações recebidas, muitas vezes transmitidas sem processar suas fundamentações e fontes geradoras, deixando assim de ser capaz de modificar a vida do cidadão, uma vez que, a partir da mesma, venha a gerar novas informações. Quanto ao questionamento, precisamos ter respostas e respostas comportamentais da própria sociedade. Qual a importância da comunicação no processo de informação e conhecimento? Fundamental, a comunicação e informação são a essência do conhecimento.
Referências:
Castells, Manuel (2003). A Galáxia da Internet: Reflexões sobre a Internet, os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
PIMENTA, Maria Alzira. Comunicação empresarial. Campinas, SP: Editora Alínea, 2006.
Pozo, Juan Ignacio (2004). A sociedade da aprendizagem e o desafio de converter informação em conhecimento. In: Revista Pátio. Ano VIII – Nº 31- Educação ao Longo da Vida – Agosto à Outubro de 2004.
SETZER, Valdemar. Dado, informação, conhecimento e competência. DataGramaZero Revista de Ciência da Informação – N° zero, dezembro 1999, artigo 01. Disponível em: <http://www.dgz.org.br/dez99/F_I_art.htm>. Acesso outubro de 2020